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Modelos de trabalho e contratação: vilões ou aliados na atração de talentos?

Foto: divulgação.

Por Fred Torrës, sócio sênior do Grupo Hub.

Nos últimos anos, o mercado de trabalho passou por uma verdadeira transformação. Avanços tecnológicos, novas expectativas dos profissionais e, claro, a pandemia de COVID-19, impulsionaram uma revisão profunda dos modelos de contratação e dos formatos de trabalho. Mas no fim das contas, o que realmente impacta a atração e retenção de talentos: o modelo de trabalho ou a cultura organizacional?

No Brasil, os formatos mais comuns ainda são o regime CLT e o contrato como Pessoa Jurídica (PJ). A CLT oferece benefícios como férias remuneradas, 13º salário e FGTS — atrativos especialmente para quem busca estabilidade. Por outro lado, o modelo PJ costuma oferecer maior flexibilidade e, em muitos casos, uma remuneração mais alta.

A escolha entre CLT e PJ, no entanto, vai além da folha de pagamento. Ela comunica valores: segurança versus liberdade, previsibilidade versus autonomia. Profissionais mais jovens, por exemplo, tendem a valorizar liberdade de escolha e equilíbrio com a vida pessoal, o que pode pesar a balança para o lado PJ, especialmente em setores criativos e tecnológicos.

Além do modelo contratual, o formato de trabalho é uma peça-chave na equação. Presencial, híbrido ou remoto? A verdade é que não existe resposta única. Uma pesquisa da PwC Brasil revelou que 40% dos colaboradores preferem o modelo híbrido com 1 ou 2 dias por semana no escritório, enquanto 71% esperam ambientes mais flexíveis e informais.

O estudo da JLL corrobora: 86% das empresas brasileiras adotam o formato híbrido, com destaque para o modelo de dois dias presenciais e três remotos. A flexibilidade virou um diferencial competitivo — especialmente quando combinada com uma liderança que confia e oferece autonomia.

Mas e a Cultura Organizacional nisso tudo?

É aqui que entra um ponto crucial. O verdadeiro diferencial não está apenas em qual modelo você adota, mas em como sua cultura o sustenta. Empresas com culturas fortes, baseadas em confiança, comunicação clara e valorização das pessoas, têm muito mais chances de sucesso — seja qual for o modelo adotado.

Estudos apontam que empresas com culturas organizacionais bem definidas e positivas podem ter até 65% mais colaboradores engajados e produtivos. E mais: a rotatividade de pessoal pode cair até 40%. Ou seja, é a cultura que dá sustentação ao modelo de trabalho — não o contrário.

Empresas que conseguem equilibrar seus modelos de contratação e trabalho com uma cultura organizacional coerente têm vantagem clara na guerra por talentos. Não basta ser híbrido, remoto ou CLT: é preciso criar um ambiente onde as pessoas se sintam valorizadas, tenham clareza sobre seu papel e enxerguem sentido no que fazem.

No fim do dia, o modelo não é o vilão — nem o herói. O que faz diferença de verdade é a cultura que o sustenta. Investir em cultura organizacional não é apenas uma escolha de gestão de pessoas. É uma estratégia de negócios com impacto direto na produtividade, na atração de talentos e na sustentabilidade da empresa.

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