Por Rafa Cavalcanti, cofundadora e CEO da CloQ.
O aumento da inadimplência no Brasil segue como um dos principais desafios econômicos e sociais do país. Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apontam que 41,50% da população adulta estava negativada em fevereiro deste ano, o que representa 68,76 milhões de consumidores. Esse número reflete um aumento de 3,22% em relação ao mesmo período de 2024, o que revela os desafios enfrentados por milhões de brasileiros que encontram dificuldades para acessar serviços financeiros.
Nesse contexto, o crédito inclusivo desponta como uma alternativa concreta para mitigar os impactos da inadimplência. Trata-se de um conjunto de soluções pensado especialmente para atender consumidores fora do sistema financeiro tradicional, principalmente das classes C e D, oferecendo acesso a recursos básicos com mais segurança e condições ajustadas à realidade desses perfis.
Para isso, novas iniciativas impulsionadas por tecnologias ganham espaço com a oferta de soluções mais eficazes e acessíveis para as classes C e D, como nano-créditos, contas digitais simplificadas e plataformas financeiras. Ferramentas baseadas em inteligência artificial e análise de dados, por exemplo, permitem avaliar a capacidade de pagamento dos consumidores de forma mais justa, sem depender exclusivamente de históricos bancários tradicionais. Essas inovações oferecem aos negativados uma nova oportunidade de reorganizar suas finanças, evitando o endividamento excessivo e recuperando seu poder de compra.
Com o avanço da tecnologia, surgem iniciativas que vão desde o nano-crédito até contas digitais simplificadas e plataformas de educação financeira. Essas soluções têm como base o uso de inteligência artificial e análise de dados, permitindo avaliar a capacidade de pagamento dos consumidores de forma mais justa e personalizada. Em vez de se apoiar unicamente em históricos bancários formais, os novos modelos consideram comportamentos e padrões alternativos, ampliando o acesso ao crédito para quem mais precisa.
O resultado é a ampliação do acesso ao crédito, com impacto direto na economia do país. Isso porque, à medida que mais pessoas possuem condições de utilizar serviços financeiros, ocorre um aumento no consumo e nos investimentos, o que fortalece setores estratégicos e impulsiona o crescimento de pequenos negócios. Além disso, a formalização de trabalhadores e empreendedores informais tende a crescer, permitindo que uma parcela maior da sociedade acesse oportunidades econômicas e sociais.
Ao combinar inovação com responsabilidade social, o crédito inclusivo vai além do alívio momentâneo das dívidas: ele contribui para construir um ambiente econômico mais estável, acessível e sustentável. A democratização dos serviços financeiros, especialmente quando pensada sob a ótica da inclusão, pode ser um dos principais vetores de transformação no enfrentamento da inadimplência no Brasil.