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Espécie em extinção? Pix acelera o fim do papel-moeda no Brasil

Foto: divulgação.

Por Marlon Tseng, CEO da Pagsmile.

O dinheiro em espécie está mesmo com os dias contados no Brasil? Se depender da velocidade com a qual os pagamentos digitais avançam no país, a resposta parece ser sim. Dados recentes do Banco Central revelam uma queda expressiva no uso do papel-moeda: em apenas três anos, o percentual de transações em dinheiro físico caiu de 83,6% (2021) para 68,9% (2024). Mais revelador ainda é que, atualmente, somente 22% dos brasileiros consideram o dinheiro vivo seu principal meio de pagamento — em 2021, esse percentual era de 42%.

O Pix, claro, é o protagonista nessa transformação. Lançado em 2020, ele não só facilitou transferências, mas passou a ser usado para fazer compras presenciais e online, pagar contas e utilizar serviços autônomos. A praticidade de resolver tudo com apenas alguns cliques fez com que o brasileiro rapidamente aderisse à novidade. E, uma vez acostumado à conveniência digital, dificilmente voltará a carregar dinheiro na carteira e lidar com filas, troco e cédulas amassadas.

Mas esse fenômeno vai além do Pix. A digitalização dos meios de pagamento é impulsionada globalmente por carteiras digitais, cartões virtuais e demais soluções bancárias integradas. No caso brasileiro, a combinação entre inovação tecnológica e regulação adequada — com o Banco Central (BC) atuando como indutor da modernização financeira — criou as condições para uma transição acelerada.

Para as empresas, os benefícios são claros: redução de custos com manuseio de dinheiro, menos vai-e-volta do banco, maior segurança, menos fraudes e integração mais eficiente entre sistemas financeiros e plataformas de gestão. Para o consumidor, conveniência e transparência são as palavras de ordem. 

Ainda há desafios, é verdade. Segundo a pesquisa mais recente do Instituto Locomotiva, cerca de 4,6 milhões de brasileiros seguem desbancarizados e, em regiões com infraestrutura digital limitada, as pessoas ainda dependem do dinheiro físico. Para a inclusão desses grupos, será necessário não apenas tecnologia, mas acesso à educação financeira e soluções adaptadas a diferentes realidades socioeconômicas.

No entanto, está claro que o Brasil caminha a passos largos para se tornar independente do papel-moeda e mergulhar a fundo no universo da tecnologia financeira. Cabe às instituições garantir que essa transição ocorra de forma ordenada, segura e, sobretudo, inclusiva. O que está em jogo não é apenas a substituição de um meio de pagamento por outro, mas a construção de um sistema financeiro mais eficiente e acessível.

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