Quando o crédito fica mais caro, as empresas normalmente correm atrás de mais crédito. Essa lógica levou a um recorde de inadimplência de 5,1% entre MPMEs (Micro, Pequenas e Médias Empresas) em maio, segundo o BC (Banco Central). Se pararmos para lembrar que a Selic está operando em 15% ao ano — maior patamar em 19 anos —, isso prova que o Brasil vive um grande paradoxo: justamente quando precisamos de menos endividamento, buscamos mais.
É como se, ao ver a conta de energia elétrica subir, decidíssemos deixar todas as luzes acesas para “aproveitar” antes que fique mais cara ainda. Procurar um empréstimo para apagar incêndios revela que os juros altos apenas expõem a falta de organização e visibilidade sobre a saúde financeira do negócio.
A corrida para conseguir crédito caro para cobrir o capital de giro — e manter a operação básica funcionando — é um sintoma, não a solução. As MPMEs precisam de uma mudança de mentalidade, parando de associar esses recursos exclusivamente a momentos de dificuldade.
O crédito é muito mais do que um colete salva-vidas acionado no desespero; essa ferramenta é uma alavanca poderosa para o crescimento sustentável quando utilizada de forma estratégica. E, para que funcione como alavanca, as empresas precisam de um ponto de apoio sólido: o controle absoluto sobre as despesas e o caixa.
Controle é o novo crédito
Antes de perguntar “onde consigo um empréstimo?”, o gestor deve se questionar: “Eu tenho total visibilidade dos meus gastos em tempo real? Meus processos de pagamento são centralizados e eficientes? Consigo prever minhas necessidades de caixa com precisão?”. As respostas certas sempre vão apontar para a gestão financeira, uma vez que é esse gerenciamento que pode transformar dados em decisões precisas.
Um exemplo prático é o mercado digital Daki. A startup utiliza uma ferramenta de crédito corporativo, o “Pague Depois” (Buy Now, Pay Later) da Conta Simples, para acelerar sua expansão de forma planejada. É um uso que não se restringe a cobrir buracos, principalmente por garantir flexibilidade para aumentar limites e adaptar a gestão de despesas conforme o crescimento. Com isso, a empresa otimizou o caixa e abriu portas para o lançamento de novas verticais, como a Super Daki, além do aumento de 44 para 47 lojas.
Essa é a prova do quanto direcionar o crédito para abraçar oportunidades promissoras é uma possibilidade real. A implementação proativa de uma estrutura financeira automatizada e inteligente permite o controle sobre o que já está dentro de casa, sem precisar ir à porta do banco e criar um ciclo vicioso de problemas.
O futuro do empreendedorismo brasileiro, especialmente das empresas em fases de aceleração, não será definido por quem consegue mais dinheiro emprestado, mas por quem consegue fazer mais com o dinheiro que já tem. E essa é uma habilidade que nenhuma taxa de juros pode tirar de você.