Por Julio Bastos, CCO do Mission Brasil.
Diante de um cenário de inflação persistente, queda na confiança do consumidor e aumento da competitividade, o varejo brasileiro vive uma de suas fases mais desafiadoras dos últimos anos.
A combinação envolvendo margens cada vez mais apertadas, além de oscilações nas vendas exige dos varejistas decisões rápidas e estratégicas visando a sustentabilidade do negócio.
É nesse contexto que a otimização de processos passa a receber uma atenção especial e ganha o protagonismo como ferramenta de sobrevivência e crescimento.
Impactado pela alta dos preços, o próprio consumidor precisou rever seus hábitos de compra, passando a priorizar itens essenciais e adiando gastos considerados supérfluos.
Segundo estudo da APAS, realizado em parceria com a empresa de inteligência de mercado Scanntech, 71% dos brasileiros já alteraram seu comportamento de consumo por causa da inflação no último ano.
Para o varejo, isso significa precisar saber lidar com os custos operacionais crescentes, mas também encontrar formas de garantir que a experiência do cliente seja, ao mesmo tempo, eficiente, acessível e personalizada para manter a fidelidade do público.
Do ponto de vista interno, o setor encara ainda uma pressão constante no que diz respeito ao corte de despesas de modo que não comprometa a qualidade do atendimento.
Em dezembro de 2024, por exemplo, houve um saldo negativo de 536 mil vagas com carteira assinada no mercado de trabalho em geral, segundo o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O resultado foi o pior para esse mês desde a pandemia e também o segundo pior da série histórica, em termos proporcionais. Vale destacar que o mês de dezembro é um dos mais importantes para o varejo e serviços.
Logo, a diminuição do número de vagas deixa claro a urgência das marcas na busca por modelos alternativos mais econômicos, sustentáveis e inteligentes.
É aí que a tecnologia entra em cena, trazendo consigo a possibilidade de ampliar drasticamente a produtividade dos varejistas sem que isso represente grandes investimentos.
Por meio da automação de processos recorrentes, como por exemplo o controle de estoque e atendimento ao cliente, é possível redirecionar os recursos humanos em atividades de maior valor estratégico e de impacto.
Indo além, com o uso de ferramentas digitais, as grandes marcas do setor conseguem alocar equipes com mais eficiência, reduzir desperdícios de tempo e melhorar a execução de tarefas operacionais.
Outra estratégia eficaz atrelada ao uso da tecnologia está na construção de uma estrutura baseada em dados em tempo real e inteligência de mercado. A partir do auxílio de plataformas analíticas e sistemas integrados, torna-se possível prever demandas, ajustar preços, personalizar ofertas e antecipar comportamentos de compra.
Todos estes fatores são fundamentais para assegurar uma melhor experiência de venda ao consumidor, além da redução de perdas de produtores e otimização do giro de estoque. Não é à toa, portanto, que, segundo estudo da Salesforce, 73% dos varejistas brasileiros pretendem ampliar os investimentos em IA ainda em 2025.
O avanço inovativo, porém, não fica restrito somente ao uso de aparatos tecnológicos. Modelos baseados em força de trabalho sob demanda também vem ganhando espaço significativo no varejo competitivo.
Contando com o serviço de equipes flexíveis e temporárias, o setor passa a atender picos específicos de demanda (como sazonalidades ou promoções) sem necessariamente arcar com os altos custos fixos de uma estrutura permanente.
Apesar de não estar baseado na tecnologia, é importante destacar que o seu uso complementar pode ser fundamental por conta do amparo de importantes indicadores de desempenho, que contribuem para uma operação ainda mais eficiente.
A pergunta que fica, portanto, é: como o varejo pode utilizar a inovação em seu benefício a fim de assegurar inteligência e responsabilidade nas operações?
Com as ferramentas e modelos de atuação corretos, torna-se possível reduzir desperdícios, aumentar produtividade, digitalizar equipes, além de tomar decisões mais estratégicas, tudo isso sem precisar comprometer o caixa com grandes investimentos.
Diante de um mercado volátil e altamente competitivo, saber priorizar a eficiência pode ser o caminho da sobrevivência e da prosperidade.