Pesquisar

IA aplicada à jornada de compra: o desafio da escuta ativa no e-commerce

Foto: divulgação.

Por Eduardo Freire, CEO da FWK Innovation Design.

A inteligência artificial (IA) já está presente em diversas etapas do e-commerce, da recomendação de produtos ao atendimento automatizado.

No entanto, é crucial questionar: essas soluções estão realmente escutando o consumidor ou apenas reproduzindo padrões passados?

Neste artigo, exploramos como a IA pode, e deve, ser aplicada como ferramenta de escuta ativa ao longo da jornada de compra, transformando dados em insights acionáveis e melhorando a experiência do cliente.

O que é escuta ativa na jornada digital?

No varejo físico, escutar é observar o cliente circular, hesitar, perguntar, desistir. No e-commerce, escutar é entender o comportamento em tempo real e aprender com ele. Escutar não é apenas medir conversão ou abandono de carrinho, mas interpretar contexto, intenção e fricção, e transformar isso em adaptação de experiência.

IA pode escutar? Sim, mas depende de como é treinada

A maioria das soluções de IA aplicadas ao e-commerce ainda opera sobre dados históricos: “quem comprou X, também comprou Y”. Mas “escuta ativa” exige modelos que aprendem em tempo real, com feedback explícito e implícito do usuário.

Por exemplo, algoritmos de IA podem segmentar consumidores com base em dados em tempo real, proporcionando recomendações altamente relevantes e personalizadas. Além disso, a IA pode antecipar demandas, ajustando estoques e campanhas de marketing conforme o comportamento esperado dos clientes .

IA não é solução mágica, é reflexo da cultura da loja

Não adianta investir em tecnologia se a mentalidade é de “empurrar produto”. Lojas que escutam com IA criam jornadas adaptativas, personalização ética e evolutiva, e não apenas mais um funil de automação com frases prontas.

Escutar com IA é diferente de automatizar com IA. Requer intenção, ajustes e métricas que valorizem a experiência, não apenas o clique.

Exemplos práticos de escuta ativa com IA no e-commerce
  • Atendimento com NLP (processamento de linguagem natural): bots que entendem frustração ou dúvida e escalam para humanos com contexto.
  • Recomendações baseadas em intenção, não só histórico: IA que identifica mudança de perfil (ex: compra para presente) e ajusta a experiência.
  • Análise de navegação para melhoria contínua: identificar onde há desistência silenciosa e testar micro ajustes com base em padrões não lineares.

O que o lojista precisa saber antes de aplicar IA com foco em escuta
  • IA não resolve problema de posicionamento ruim, ela pode amplificá-lo.
  • É preciso ter inteligência estratégica no uso da tecnologia, não só plug and play.
  • A cultura da empresa deve valorizar feedback real, mesmo que negativo, e usar a IA como alavanca de escuta e adaptação, não como atalho.

Aplicar IA ao e-commerce não é apenas sobre vender mais. É sobre escutar melhor, e transformar essa escuta em experiências de compra mais humanas, fluidas e sustentáveis.

Na próxima onda de transformação digital, sobreviverá não quem tiver mais dados, mas quem souber escutá-los com inteligência. E agir a partir disso.

Compartilhe

Leia também