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Quiet quitting compromete equipes híbridas e preocupa empresas

Carla Martins
Foto: divulgação.

A consolidação do trabalho híbrido e remoto impôs um novo desafio às lideranças: manter o engajamento dos times a distância sem comprometer a cultura organizacional.

Para Carla Martins, vice-presidente do SERAC, hub de soluções corporativas com atuação em 20 estados brasileiros, reter talentos tornou-se questão estratégica.

“Empresas que não investem em uma cultura forte, mesmo no ambiente digital, correm o risco de perder não só seus melhores profissionais, mas também espaço no mercado”.

O alerta de Carla se confirma nos dados da consultoria Gallup, que identificou que 59% dos trabalhadores no mundo estão desengajados, enquanto 18% relatam completa falta de motivação.

O fenômeno foi classificado como quiet quitting, ou “demissão silenciosa”: profissionais que permanecem formalmente na empresa, mas deixam de se comprometer emocionalmente com suas funções.

“Os líderes precisam entender que trabalhar remotamente não é só uma mudança de local, mas de lógica de gestão”.

Segundo a executiva, não basta oferecer dois dias de home office por semana.

“É necessário redesenhar os canais de comunicação, criar momentos de conexão genuína e garantir que todos tenham clareza sobre metas, entregas e propósito da empresa. Sem isso, o time se dispersa, os vínculos enfraquecem e o senso de pertencimento desaparece”.

Formada em Marketing pela ESPM e pós-graduada em Big Data e Marketing, Carla defende que a retenção de talentos exige três pilares claros, gestão personalizada, cultura organizacional ativa e políticas de flexibilidade coerentes.

Um levantamento da Robert Half de 2023 mostra que 87% dos profissionais preferem empresas que oferecem flexibilidade, mas isso não significa ausência de estrutura.

“Cada pessoa é impactada de forma diferente pelo modelo híbrido. O líder precisa ter sensibilidade para entender essas diferenças e agir com coerência. Gestão não é controle, é conexão”.

Com quase 300 colaboradores, o SERAC implementa ações contínuas para fortalecer o vínculo entre equipes, mesmo à distância. Programas de capacitação, metas claras e momentos estruturados de escuta ativa fazem parte da rotina.

“Não se trata de romantizar o ambiente de trabalho, mas de garantir que ele funcione como um ecossistema vivo, onde as pessoas sentem que fazem diferença”.

A executiva aponta que a falha em adaptar a cultura ao ambiente híbrido pode comprometer os resultados da organização.

Estudo publicado pela McKinsey & Company indica que empresas com colaboradores engajados apresentam até 21% mais lucratividade e 17% mais produtividade em relação à média do mercado.

Em contrapartida, a rotatividade causada pela insatisfação tem custo elevado, segundo a SHRM, cada demissão pode representar até 50% do salário anual do profissional perdido.

“Não existe futuro para empresas que negligenciam o fator humano. Retenção de talentos não é mais vantagem competitiva, é uma condição de sobrevivência em um mercado dinâmico, exigente e cada vez mais orientado por propósito”, finaliza.

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