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Contabilidade e gestão em tempos de instabilidade econômica

Foto: divulgação.

Por Renato Halt, cofundador da B2Finance.

Em momentos de instabilidade econômica, como os que vivemos atualmente no Brasil e no mundo, é comum que empresas repensem estratégias, revejam metas e ajustem prioridades.

A oscilação do mercado, os juros altos, a insegurança fiscal e a retração do consumo criam um ambiente em que qualquer decisão errada pode custar caro. Nessa conjuntura, não há mais espaço para improviso, a gestão deve ser precisa, e a contabilidade, estratégica.

Mais do que nunca, o contador deixou de ser um simples tradutor de números para se tornar um parceiro na tomada de decisões. A ideia de que a contabilidade serve apenas para cumprir obrigações fiscais ficou para trás.

Em um cenário volátil, os dados contábeis bem trabalhados ajudam a mapear riscos, identificar oportunidades e sustentar decisões baseadas em fatos, não em achismos.

O curioso é que, ao mesmo tempo, em que o contexto pressiona, ele também escancara uma tendência que já vinha ganhando força nos últimos anos: a terceirização estratégica da gestão financeira, contábil, fiscal e de recursos humanos, conhecida como BTO (Business Transformation Outsourcing).

A proposta vai além do simples outsourcing. Trata-se de uma transformação real da forma como a empresa opera, com foco em eficiência, tecnologia e inteligência de negócios.

Muitos gestores, sobretudo de pequenas e médias empresas, ainda relutam em renunciar o controle total sobre essas áreas. Mas a verdade é que a terceirização estratégica pode ser justamente o que mantém um negócio de pé em tempos difíceis. Quando feita com critério e visão, ela libera tempo, reduz custos fixos, qualifica a entrega e amplia a visão gerencial. Não é sobre terceirizar por terceirizar. É sobre transformar funções operacionais em motores de informação e estratégia.

Dados em tempo real e relatórios inteligentes valem mais do que previsões baseadas em intuição. Ter uma estrutura capaz de analisar cenários, cruzar informações e apontar caminhos seguros não é luxo, é necessidade.

Isso vale tanto para grandes corporações quanto para empresas em crescimento, que enfrentam, dia após dia, a difícil missão de equilibrar o curto prazo com a sobrevivência a longo prazo.

A contabilidade, nesse contexto, se torna um pilar de resiliência. E quando integrada a uma gestão inteligente, seja ela interna ou via BTO, ela ganha potência.

Não se trata apenas de calcular tributos ou fechar balanços. É sobre entender margens, acompanhar o fluxo de caixa com lupa, reagir rapidamente a mudanças no mercado e garantir que cada decisão financeira esteja alinhada com a realidade e com o futuro.

É possível, sim, crescer mesmo em tempos difíceis. Mas para isso, é preciso abandonar modelos ultrapassados e abrir espaço para uma nova forma de pensar a gestão. Profissionalizar os bastidores da empresa, tratar a contabilidade como ferramenta de inteligência e apostar em estruturas flexíveis e bem conectadas pode fazer toda a diferença entre sobreviver ou não a mais um ciclo econômico turbulento.

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