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Como empresas inteligentes estão usando dados para crescer

Foto: divulgação.

Por Danielle Francis, COO da Fintalk.

Nunca na história da humanidade produzimos tanta informação. A cada segundo, bilhões de dados são gerados, de interações em redes sociais a transações financeiras, passando por sensores de fábricas, GPS de celulares, assistentes virtuais, compras online e até o histórico dos nossos passos no aplicativo de saúde.

Os números são simplesmente impressionantes. Estimativas apontam que o mundo gerou 15,5 zettabytes (ZB) de dados em 2015. Em 2020, esse número saltou para cerca de 64 ZB e atualmente ultrapassamos a marca dos 149 ZB.

E não para por aí. As projeções indicam que, até o final de 2025, o volume global de dados alcançará algo entre 175 e 200 zettabytes. Isso equivale, aproximadamente, a 213 milhões de DVDs gravados por dia, ou seja, 463 exabytes (ou 0,463 ZB) gerados diariamente.

Mas uma pergunta é necessária: o que fazemos com esses dados? De que adianta armazenar bilhões de linhas em servidores na nuvem se não conseguimos transformá-los em algo útil, relevante e, principalmente, que gere valor para pessoas, empresas e para a sociedade?

Dados sozinhos não valem nada

Existe uma máxima no mundo da tecnologia que precisa ser dita de forma clara: dados brutos não significam nada. Eles só têm valor quando são organizados, contextualizados e convertidos em informação acionável. Caso contrário, são apenas um amontoado de números, registros e bits.

Pense no seguinte exemplo: uma empresa de varejo sabe que João comprou um tênis na semana passada. Esse dado isolado não diz quase nada.

Agora, se a empresa cruza essa informação com o fato de que João costuma comprar produtos esportivos, que ele recentemente pesquisou mochilas no site e que faz parte de um programa de fidelidade, pronto, surge uma oportunidade de oferecer a ele a mochila com desconto, um combo de produtos ou até sugerir a assinatura de academia parceira.

Isso se transforma em informação contextualizada e, melhor ainda, em inteligência de negócio.

A importância do dado na transformação digital

Empresas que entenderam isso estão disparando na frente. Não é exagero dizer que as organizações que dominam o uso dos dados serão as líderes dos próximos anos. O dado é, literalmente, o combustível da transformação digital.

E não falamos apenas de gigantes como Google, Amazon, Meta ou Netflix. Hoje, qualquer empresa, seja uma loja de bairro, uma startup ou uma indústria centenária, pode usar tecnologias acessíveis para coletar, tratar e analisar dados em tempo real.

Ferramentas de Big Data, inteligência artificial, machine learning, análise preditiva, Business Intelligence (BI) e Customer Data Platforms (CDPs) estão permitindo que qualquer negócio entenda melhor seu público, antecipe tendências, otimize processos e tome decisões muito mais rápidas e assertivas.

Dados bem usados resolvem problemas reais

Muitos exemplos práticos mostram como dados transformados em informação geram valor no dia a dia.

  • Na saúde: dados de milhões de exames ajudam algoritmos a identificar doenças precocemente, sugerindo tratamentos personalizados e aumentando as chances de cura.
  • No varejo: análise de comportamento de consumo permite campanhas de marketing mais inteligentes, com ofertas personalizadas e redução de desperdícios.
  • Na indústria: sensores IoT geram dados que evitam falhas em máquinas, reduzindo custos com manutenção e aumentando a produtividade.
  • No agronegócio: drones, satélites e sensores no solo ajudam a prever safras, controlar pragas e maximizar a produtividade.
  • Na educação: plataformas adaptativas usam dados de desempenho dos alunos para oferecer trilhas de aprendizado personalizadas, combatendo a evasão escolar.

O grande desafio é transformar dados em ação

Coletar dados nunca foi tão fácil. O difícil, na verdade, é saber o que fazer com eles. E é nesse ponto que empresas, governos e até pessoas físicas se perdem.

Os principais desafios estão em três grandes pilares:

  • Organização: dados desconectados, espalhados em sistemas diferentes, sem integração, são inúteis. É preciso estruturar e criar uma governança de dados eficiente.
  • Interpretação: não basta ter dashboards bonitos. É importante ter gente capacitada para interpretar os dados, identificar padrões e gerar insights de verdade.
  • Ação: dados só valem se gerarem mudança. Seja uma decisão de negócio, uma nova campanha, uma mudança de estratégia ou uma melhoria no atendimento.

Dados não são só tecnologia, são cultura

Aqui está um ponto fundamental: não adianta investir em tecnologia sem investir em cultura de dados. Isso significa que toda a organização, do estagiário ao CEO, precisa entender a importância dos dados e usar isso no dia a dia.

Uma empresa que toma decisões baseadas em “achismo” está fadada a perder espaço para quem opera de forma orientada por dados.

E isso também vale para as pessoas. Quem entende como os dados funcionam, como são coletados e como são analisados, tem mais poder na sociedade digital. Isso se reflete tanto na vida profissional quanto no pessoal, ou seja, desde cuidar da sua privacidade até tomar decisões financeiras melhores.

Se há uma certeza sobre o futuro, é essa: dados são o novo petróleo, mas refinados, são muito mais poderosos. As empresas que souberem extrair valor dos dados vão dominar seus mercados.

Os governos que aprenderem a usar dados de forma ética e eficiente vão oferecer serviços públicos muito melhores. E as pessoas que desenvolverem essa mentalidade digital vão ser as protagonistas da nova economia.

Então fica o desafio: o que você vai fazer com os dados que gera, coleta e consome? Quem não aprender a jogar com dados vai perder sem nem entender por quê.

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