A figura do chamado result getter, o profissional que entrega resultados concretos, de forma consistente, mas discreta, é comum nas empresas brasileiras. Executa processos com eficiência, antecipa problemas, cumpre prazos e evita crises.
Ainda assim, muitas vezes permanece invisível para lideranças e perde espaço para colegas mais articulados ou com maior habilidade de autopromoção.
“São profissionais que sustentam operações inteiras, mas acabam negligenciados por não saberem comunicar suas entregas”, afirma Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria, gestor de carreiras e PhD pela Unicamp.
Segundo ele, o fenômeno é recorrente especialmente em organizações que ainda valorizam mais o discurso do que a evidência de resultado.
Santos explica que, historicamente, empresas recompensaram mais a exposição do que a execução silenciosa.
“Enquanto o result getter ajusta processos e reduz custos, outros ocupam o centro das atenções em reuniões e eventos, o que influencia decisões de promoção e aumento”.
Adaptação como exigência de carreira
O avanço da transformação digital e a pressão por produtividade estão recolocando o result getter no centro das estratégias corporativas. Métricas, dados e eficiência tornaram-se prioridades, e empresas passam a depender cada vez mais de quem entrega resultados mensuráveis e sustentáveis.
No entanto, alerta Santos, isso não significa que apenas executar bem seja suficiente.
“Não basta ser eficiente se você continua invisível. Profissionais com esse perfil precisam desenvolver competências adicionais: mensurar e documentar suas entregas, comunicar suas contribuições de forma objetiva e relacionar seus resultados diretos com as metas da empresa. Isso é traduzir o impacto em percepção de valor”.
Santos ressalta que a valorização do result getter visível representa uma mudança no paradigma de gestão.
“Não se trata mais de escolher entre executar ou aparecer. O profissional do futuro precisa dominar os dois, porque, no fim das contas, o que não é visto dificilmente será reconhecido”, conclui.