Por Dr. Ivson Coêlho, advogado especialista em direito tributário.
O Brasil atingiu novamente um patamar preocupante: o Impostômetro, que mede em tempo real a arrecadação tributária no país, já ultrapassou a marca de R$ 2 trilhões em 2025.
Esse valor colossal, que cresce continuamente, reflete um sistema que sobrecarrega especialmente a classe média, os pequenos empreendedores e os trabalhadores formais, justamente os que sustentam a maior parte da máquina pública.
O problema não está apenas no volume arrecadado, mas na forma como esses recursos são geridos.
Enquanto a carga tributária aumenta, a contrapartida em serviços públicos de qualidade, como saúde, educação e segurança, continua insuficiente. O contribuinte paga cada vez mais, mas não vê o retorno proporcional em eficiência do Estado.
Um exemplo recente é a discussão sobre a ampliação da cobrança do IOF, que incidiria sobre operações cotidianas, como financiamentos imobiliários e linhas de crédito para pequenos negócios.
Medidas como essas, em vez de estimularem a economia, dificultam o acesso a recursos essenciais para quem busca crescimento e estabilidade financeira.
O discurso de “justiça fiscal” perde sentido quando o peso dos tributos recai desproporcionalmente sobre quem já sustenta o país.
O cenário se agrava quando observamos a falta de avanços em reformas que poderiam aliviar essa pressão.
Não se trata apenas de cobrar menos, mas de gastar melhor: reduzir privilégios, modernizar a administração pública e cortar desperdícios são medidas urgentes para equilibrar as contas sem sufocar ainda mais a sociedade.
O Brasil precisa repensar sua relação com os tributos. Arrecadar muito não é virtude se os recursos forem mal aplicados.
É preciso um debate sério sobre como reduzir a carga sobre quem produz, simplificar o sistema tributário e garantir que o dinheiro público seja investido com transparência e eficiência.
O marco de R$ 2 trilhões não é apenas um número, é um alerta. Se o país quer crescer, precisa rever sua lógica tributária, ou continuaremos patinando em um ciclo onde o governo cobra mais, entrega menos e desestimula quem gera riqueza.