Pesquisar

A relevância da liderança servidora nas organizações

Foto: divulgação

Por Jorge Luiz Gonçalves Andrade,  diretor vice-presidente da Unimed Nova Iguaçu.

Ao longo dos anos, o papel do líder nas organizações tem sofrido transformações por múltiplos fatores, em especial, geradas pela globalização e pelo desenvolvimento tecnológico. A liderança servidora tem ganhado força no mundo e no Brasil em todos os segmentos, revolucionando o modelo tradicional de gestão. Independente da termporalidade e estratégias adotadas por cada organização, o comando horizontal vem cedendo espaço para a gestão verticalizada, considerando o entendimento de que só é possível entregar resultados através de pessoas.

Tal modelo surge a partir do desenvolvimento dos estudos da liderança transformacional, e por esse motivo possui características similares. Ambos os estilos recaem com ênfase sobre a valorização das pessoas, delegação de responsabilidades e autonomia para os liderados. O líder servidor faz uma escolha consciente de exercer tal papel, diferenciando-se dos que somente aspiram à liderança.

A pandemia da Covid-19 trouxe muitos ensinamentos que precisam ser incorporados definitivamente na gestão moderna. O momento foi uma excelente oportunidade de pensar e aplicar formatos diferenciados como o trabalho on-line e híbrido, a valorização por produtividade e não por horas trabalhadas, a capacidade de explorar o potencial corporativo considerando o lado humano e social. Tudo isso foi fundamental na manutenção das estruturas corporativas e para a saúde mental dos profissionais. Os gestores precisaram se adequar aos novos tempos, construindo conexões de valor e emocionais com a finalidade de conquistar confiança, respeito e resultados.

A liderança servidora tem desafiado o paradigma tradicional de chefia, quebrando o mito da hierarquia intocável e distante, pois propõe aprendizagem com os erros da equipe, busca a opinião e a experiência de todos os níveis da empresa. A liderança tóxica e burocrática, alicerçada no controle e comando centralizador, além de ser altamente inadequada e ineficaz, não inspira, nem engaja. Ao contrário, causa frustação, inibe a criatividade, sabota potencialidades individuais e coletivas, além de representar um risco para a retenção de talentos.

Estudos de respeitadas instituições em todo o mundo mostram que é imperativo repensar o tradicional modelo, transpor barreiras, mudar paradigmas, incorporar novos valores à cultura organizacional. O maior papel da liderança hoje é conseguir extrair o melhor de cada pessoa em um ambiente salutar, transparente e que oferte segurança psicológica. A gestão contemporânea obrigou as lideranças a dominar não apenas questões técnicas, operacionais, práticas e cognitivas, mas também a exercer um olhar humanitário. Dessa forma, é crucial a incorporação de atitudes que culminem em um rápido aprimoramento, pois espera-se líderes capazes de se adaptar às constantes mudanças do mercado e do ambiente de negócios.

Entendo e defendo que é possível encontrar meios de influenciar e liderar pela postura de servir. Este perfil demanda uma verdadeira transformação a ser construída com reflexão, assimilação e prática contínua envolvendo em sua essência autocontrole, aceitação, escuta, empatia, autenticidade, persuasão, senso de comunidade, visão, compartilhamento do poder, desenvolvimento permanente de pessoas. O líder na liderança servidora valoriza os pontos fortes, bem como os talentos dos seus colaboradores e estimula seu uso para obter a melhora que a instituição necessita. Observa-se o quanto esse modelo é capaz de integrar, motivar e desenvolver bons relacionamentos interpessoais na equipe.

Percebe-se que a maior parte dos líderes não está preparada para atuar nesse novo ambiente. Hoje, além das habilidades técnicas e de pensar em resultados, é essencial desenvolver competências de inteligência emocional, algo que engloba autoconhecimento, autogestão e empatia, habilidade social e capacidade de inspirar pessoas. O desenvolvimento contínuo de líderes é necessário para enfrentar os desafios do século 21. É preciso ter em mente que o alcance de metas não precisa estar vinculado ao medo, estresse e ansiedade. É possível obter alta performance permitindo que as pessoas tenham tempo e energia para cuidar de si, da família e da vida social.

A gestão moderna, portanto, aparece não como uma alternativa, mas como uma necessidade imperativa para liderar corporações rumo ao futuro. As pessoas se diferem, possuem valores, culturas e padrões sociais distintos, cabendo ao líder investir tempo para conhecê-las. Sua atuação é estratégica na construção e preservação de um ambiente equilibrado e seguro. A sabedoria do líder moderno em balancear rigor e flexibilidade certamente resultará em êxito para a equipe e a organização.

Compartilhe

Leia também