Por Adriano Joaquim, CEO da Cartular.
Durante muito tempo, o mercado de recebíveis de cartões foi visto apenas como um instrumento de antecipação de valores. Mas essa percepção vem mudando rapidamente. Com mais de R$ 4,1 trilhões transacionados por cartões em 2024, segundo dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), os recebíveis passaram a ocupar um papel central na estruturação de crédito no país, especialmente para empresas não financeiras que atuam como credores de seus clientes.
Estamos diante de um ativo real, previsível e com grande liquidez, que pode ser usado de forma estratégica. A possibilidade de utilizar os recebíveis de cartões como garantia para concessão de crédito, ou até mesmo como forma de pagamento direta, representa uma alternativa eficiente para mitigar riscos, personalizar ofertas e acelerar negócios.
Ao usar os recebíveis como alavanca, é possível não apenas ampliar o acesso ao crédito por empresas de menor porte, mas também fomentar relações comerciais mais sólidas e duradouras. O que antes era um mecanismo puramente financeiro, hoje se revela uma ponte entre inovação, eficiência e expansão.
A flexibilidade desse ativo é outro ponto que merece destaque. Credores que entendem sua natureza conseguem eliminar barreiras operacionais e tecnológicas que, muitas vezes, travam o fluxo de capital no mercado. Estamos falando de uma solução que vai além da liquidez: trata-se de um instrumento que permite ao credor atuar com mais precisão, segurança e visão estratégica, especialmente em um cenário de juros elevados e competitividade extrema.
O mercado de recebíveis de cartões está em evolução. E, nessa nova fase, ganha relevância quem souber usá-lo não apenas como ferramenta de antecipação, mas como diferencial competitivo. Em vez de depender exclusivamente do sistema financeiro tradicional, empresas estão encontrando nos recebíveis um meio mais ágil, direto e eficaz de financiar suas operações e fortalecer suas relações comerciais.
É hora de reavaliar o papel dos recebíveis de cartões. Eles já não são apenas um ativo financeiro: são um motor de crescimento.