Por Elis Rosa, gestora do Prêmio Inovativos.
Em um mundo corporativo obcecado por rankings, prêmios e selos de excelência, uma pergunta se faz cada vez mais necessária: será que todo esse brilho realmente se traduz em um diferencial competitivo?
Essa narrativa esconde uma complexidade importante: qual a metodologia aplicada por trás desses reconhecimentos? Qual sua relevância ao mercado e segmento de atuação?
Embora possam, de fato, gerar prestígio e visibilidade, todo esse propósito também deve ser levado em consideração, avaliando se vale a pena investir tempo e esforços nessas inscrições.
A candidatura a prêmios e rankings acontece por diferentes razões estratégicas, como a busca por vantagem competitiva.
Afinal, a conquista desses selos diferencia a empresa da concorrência e, quando uma marca é reconhecida como “a melhor” em seu setor, ela ganha credibilidade e atrai a atenção de clientes, colaboradores, parceiros e investidores.
Esse impacto vai além da visibilidade. Pesquisas da Weber Shandwick apontam que a reputação corporativa é responsável por 63% do valor de mercado de uma empresa. Ou seja, reputação e reconhecimento caminham juntos como ativos financeiros reais.
Isso se traduz em uma marca mais reconhecida e consolidada, melhorando sua imagem e, consequentemente, a influência na decisão de compra de muitos consumidores.
Segundo o Edelman Trust Barometer 2024, como prova disso, 71% dos clientes escolhem comprar de empresas em que confiam, além de 69% que recomendam essas marcas e 42% que chegam a defendê-las publicamente em situações de crise.
Prêmios e rankings, quando sérios e bem estruturados, funcionam como catalisadores dessa confiança. Sem falar, ainda, em seu enorme poder como ferramenta de marketing, se utilizando dessa conquista para gerar conteúdo, aumentar a visibilidade e construir uma narrativa vitoriosa que ressalte o compromisso da empresa com a excelência.
Pesquisas de consultorias como a Great Place to Work (GPTW), por exemplo, relatam que empresas que se destacam em rankings de gestão de pessoas têm vantagens claras em termos de redução de turnover, maior atração de talentos e aumento da produtividade.
Todos esses benefícios impulsionaram um crescimento exponencial de rankings e prêmios que temos hoje no mercado – mas, será que todos podem trazer essas vantagens?
Em uma análise mais aprofundada, percebe-se que os prêmios e rankings com maior visibilidade e valor no mercado são aqueles que possuem uma metodologia de avaliação robusta por trás de seu desenvolvimento.
Não se trata de conceder selos apenas por imagem, mas de reconhecer empresas que passam por um processo rigoroso de verificação, baseado em critérios sólidos que comprovam a relevância e o impacto real de seus projetos.
Nesse sentido, muitos prêmios envolvem a participação de instituições renomadas na área, como forma de elevar ainda mais essa credibilidade e confiança na certificação, criando um processo robusto que os tornam conquistas realmente valiosas de serem investidas pelas empresas.
Mas, nem todos seguem essa premissa, dispensando metodologias rigorosas de avaliação e se tornando prêmios rasos e sem valor estratégico ao segmento de atuação.
Então, antes de se aplicar a algum desses reconhecimentos, é crucial avaliar alguns pontos que devem pesar nessa decisão. Qual o propósito deste ranking: meramente comercial, ou tem algum objetivo maior? Seu propósito se conecta ao do seu negócio? Sua conquista trará algum tipo de visibilidade para a marca? E, principalmente, qual legado será deixado?
Quando essas respostas são positivas perante cada objetivo, por mais que a empresa não seja a grande vencedora, o simples fato de participar pode trazer insights valiosos que possam transformar em geração de valor, além de fomentar um networking estratégico com instituições ou profissionais que estejam colaborando com o processo de avaliação.
E, para que as organizações usufruam desses selos visando seu crescimento, é fundamental que sejam comunicados de maneira inteligente.
Destaque a vitória no site corporativo, divulgue nas redes sociais e fortaleça a cultura interna disseminando aos times tudo que isso significa para cada um dos profissionais e seus esforços.
Não há dúvida de que prêmios e rankings têm relevância no mercado. O ponto central é enxergá-los não como um fim em si, mas como ativos estratégicos capazes de fortalecer a marca, ampliar o capital reputacional das lideranças e posicionar a empresa como protagonista em seu segmento.
É assim que o reconhecimento deixa de ser simbólico e se converte em vantagem competitiva real.