Por Éric Machado, CEO da Revna Tecnologia.
A tecnologia deixou de ser diferencial e se tornou requisito básico para a operação das empresas. O verdadeiro impacto da transformação digital não depende apenas do software adotado, mas da maneira como ele é contratado, integrado e gerido.
Projetos que privilegiam modelos rígidos de contratação, consultorias focadas em horas e líderes que tratam a implementação como um item de checklist acabam comprometendo resultados.
Segundo a McKinsey, 70% das transformações digitais não atingem os resultados esperados, em grande parte devido à falta de talentos certos e modelos operacionais adequados.
O sucesso das iniciativas digitais está diretamente ligado ao capital humano e à estrutura de entrega. De acordo com o BCG, apenas 30% das empresas conseguem capturar todo o valor esperado de projetos de transformação digital, sendo a capacitação da equipe e a escolha do modelo operacional os fatores mais determinantes.
Times de alta performance compostos por especialistas selecionados e com autonomia podem gerar até 3,5 vezes mais valor do que equipes tradicionais contratadas por hora, segundo estudo da Harvard Business Review.
Modelos de contratação ineficientes elevam custos e atrasam resultados. O Standish Group aponta que 52% dos projetos de TI ultrapassam orçamento ou prazo devido a desalinhamento entre fornecedores e objetivos de negócio.
Além disso, segundo a Gartner, empresas que avaliam fornecedores apenas por métricas de tempo e hora têm 28% mais probabilidade de sofrer atrasos críticos em projetos.
Em contrapartida, a adoção de squads híbridos e núcleos internos de aceleração digital pode reduzir em até 40% o tempo de implementação de sistemas complexos e aumentar em 35% a adoção interna de novas ferramentas, segundo levantamento da McKinsey.
O mercado também sinaliza uma mudança clara na forma de medir o sucesso das parcerias de tecnologia. De acordo com a IDC, até 2027 mais de 50% dos contratos de serviços de TI terão cláusulas vinculadas a resultados de negócio, e não apenas à entrega técnica.
Organizações que estabelecem parcerias estratégicas com consultorias externas apresentam 32% mais chances de superar concorrentes em crescimento de receita e inovação, segundo a Accenture. Esses dados reforçam que a vantagem competitiva surge da gestão inteligente das parcerias, não da tecnologia em si.
Alguns podem argumentar que software avançado sozinho é suficiente para transformar uma empresa, mas a experiência do setor mostra o contrário. Gartner projeta que até 2026, 60% dos investimentos em tecnologia serão decididos com base no modelo de entrega e integração, e não apenas na escolha do software.
Além disso, relatórios do LinkedIn indicam que habilidades em cloud, inteligência artificial e ERP estão entre as mais demandadas globalmente, mas a oferta de profissionais sêniores qualificados continua escassa, tornando a gestão do capital humano ainda mais crítica.
Portanto, o foco das empresas deve estar na forma como contratam e estruturam a tecnologia, integrando especialistas, adotando métodos ágeis e definindo métricas orientadas a valor.
Essa abordagem não apenas maximiza o retorno sobre o investimento, mas também acelera a transformação digital, fortalece a capacidade de inovação e cria vantagens competitivas sustentáveis em mercados cada vez mais complexos e rápidos.