Por Fernando Manfio, engenheiro, especialista em gestão de riscos, mentor de líderes e criador da metodologia Cultura Decisiva, que integra neurociência, inteligência emocional e estratégia para transformar padrões inconscientes de decisão em alta performance organizacional.
No ambiente atual de negócios, não basta ter conselheiros técnicos ou especialistas de mercado. O que falta em muitas organizações é a figura de um conselheiro decisivo, alguém capaz de alinhar estratégia, cultura e liderança em torno de escolhas claras, intencionais e coerentes. Sua presença representa a diferença entre conselhos que apenas acumulam diagnósticos e aqueles que de fato constroem consistência, confiança e prosperidade de longo prazo.
A diferença está na forma como as decisões são tomadas. Muitas vezes, conselhos se apoiam apenas em dados ou na pressão do curto prazo, sem avaliar o impacto invisível de cada escolha. Esse movimento, embora comum, gera desalinhamento, desperdiça energia e custa caro em oportunidades perdidas. A Harvard Business Review estima que decisões mal comunicadas ou desalinhadas podem custar, em média, 3% do faturamento anual das empresas. Já a consultoria McKinsey calcula que más práticas de decisão consomem até 530 mil dias de trabalho por ano em grandes organizações, reduzindo produtividade e desempenho financeiro.
O conselheiro decisivo é, portanto, mais do que um observador. Ele atua como catalisador de prosperidade, antecipando riscos invisíveis, identificando oportunidades emergentes e ajudando a transformar divergências em escolhas produtivas. Sua atuação garante que as reuniões de conselho deixem de ser apenas espaços de análise para se tornarem ambientes de alinhamento real, nos quais propósito, metas e apetite de risco caminham juntos. Não à toa, um relatório da PwC mostra que 87% dos conselheiros reconhecem que a falta de alinhamento entre conselho e liderança é um dos principais obstáculos para decisões eficazes.
Alguns poderiam defender que a presença de especialistas técnicos já seria suficiente para dar consistência às deliberações. No entanto, em um mercado acelerado por tecnologia e inteligência artificial, a intencionalidade nas escolhas deixou de ser diferencial para se tornar necessidade. O especialista domina o detalhe, mas pode se perder em métricas de curto prazo, enquanto o conselheiro decisivo conecta esse conhecimento a um propósito maior, transformando complexidade em clareza. A McKinsey reforça que empresas que elevam a qualidade de suas decisões podem aumentar em até 6% seus resultados financeiros anuais, o que evidencia o impacto direto da governança estratégica sobre a competitividade.
A conclusão é inequívoca: empresas que cultivam conselhos com perfil decisivo não apenas evitam erros, mas também ampliam sua capacidade de transformar visão em prática. A figura desse conselheiro representa a ponte entre boas intenções e resultados sustentáveis, onde comunicação, coerência e escolhas intencionais se tornam vantagem competitiva real. Em tempos de incerteza crescente, é essa postura que garante não só a sobrevivência das organizações, mas sua capacidade de prosperar de forma duradoura.