Pesquisar

Setor de cibersegurança vive consolidação global e Brasil busca espaço

blank
Foto: divulgação.

Por Daniel Skaba, CEO da CyberGate.

O setor de cibersegurança vive um momento decisivo de consolidação mundial, e o Brasil se encontra diante de uma escolha estratégica importante entre buscar a formação de gigantes nacionais ou seguir o caminho da internacionalização que marcou o desenvolvimento de ecossistemas como o de Israel e Estados Unidos.

Esta encruzilhada define não apenas o futuro das nossas startups, mas a própria soberania digital do país num mundo cada vez mais dominado por grandes players globais.

Segundo a Harvard Business Review, cerca de 200 empresas de cibersegurança fundiram-se ou foram adquiridas globalmente, restando aproximadamente 11 grandes players que dominam o mercado. Este cenário coloca o ecossistema brasileiro perante um desafio complexo.

Com mais de 19 mil startups identificadas pelo Observatório Sebrae Startups, a maioria em fases iniciais de desenvolvimento, a pergunta que se impõe é se conseguiremos construir campeões nacionais capazes de competir com esses gigantes ou se nosso destino será o de fornecedores de talentos e startups para aquisição.

O modelo israelense, amplamente bem-sucedido, mostrou que é possível construir um ecossistema vibrante orientado para a inovação e a posterior aquisição por grandes corporações globais.

Contudo, o Brasil possui características únicas que podem apontar para um caminho diferente com um mercado interno significativo, diversidade de setores e necessidades específicas de segurança digital que podem fomentar soluções adaptadas à realidade regional.

A experiência de internacionalização, como demonstram as missões da ApexBrasil no Web Summit, tem rendido frutos importantes.

Dados do Observatório Sebrae Startups mostram que 46% das startups que participaram do evento em Lisboa abriram filiais internacionais, enquanto 72% conquistaram novos clientes no exterior. Estes números comprovam a capacidade das empresas brasileiras de competir globalmente.

No entanto, a verdadeira questão vai além dos números. Trata-se de definir que tipo de ecossistema queremos construir. Um voltado para a criação de valor de longo prazo, com empresas nacionais de escala global ou um focado em gerar startups atraentes para aquisição por grandes players internacionais.

Ambas as estratégias têm méritos, mas exigem políticas e investimentos diferentes.

O caminho para gigantes nacionais requer capital paciente, políticas públicas assertivas de compras governamentais e uma visão de longo prazo que priorize a construção de capacidades tecnológicas estratégicas no país.

Já a rota da internacionalização demanda maior conexão com mercados globais, preparação para aquisições e desenvolvimento de startups com foco em nichos específicos do mercado internacional.

O momento é de reflexão profunda sobre que papel queremos desempenhar no tabuleiro global da cibersegurança. A resposta definirá não apenas o futuro das nossas startups, mas a posição do Brasil na geopolítica digital do século XXI.

Compartilhe

Leia também