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A oportunidade de 500 bilhões de dólares da IA

Foto: divulgação.

Por Leagh Turner, CEO da Coupa.

Ouvimos isso o tempo todo: a inteligência artificial está mudando a forma como trabalhamos. Suas capacidades evoluem em ritmo acelerado, transformando funções, redefinindo trajetórias de carreira e abrindo novos caminhos para crescimento e inovação.

A McKinsey e outras consultorias estimam que até USD 500 bilhões em ineficiências estejam retidos nos processos de compras, aguardando para serem transformadas pela automação e pela IA.

Mas então, por onde começar? Minha defesa é que a jornada da IA deve começar pela forma como compradores e vendedores interagem entre si para adquirir bens e serviços de maneira mais autônoma.

Não se trata apenas de digitalizar ou automatizar processos empresariais, mas sim de uma mudança na forma de estabelecer relações comerciais em torno de materiais, bens e serviços.

É preciso redefinir os papéis das equipes e aumentar a velocidade e a escala das decisões nesse processo para alcançar um novo patamar de resultados empresariais.

Quando você muda a forma como o trabalho é feito e como as compras acontecem, é possível reconfigurar seu P&L (demonstração de resultados), transformando-o de um registro baseado em dados passados em um motor de crescimento voltado para o futuro.

Essa oportunidade se torna ainda mais evidente no mundo das compras e da gestão de gastos. As empresas que adotarem tecnologias avançadas de IA, como IA agêntica e GenAI, ampliarão sua vantagem competitiva. As que hesitarem terão dificuldade em se manter no jogo.

Então, como começar a explorar essa oportunidade de USD 500 bilhões?

Gestão de gastos já foi sobre controle, agora é sobre velocidade

O modelo tradicional de compras e gestão de custos era reativo: controlar despesas, gerenciar riscos, lidar com questões estratégicas apenas após o ocorrido.

Trabalhávamos com dados fragmentados, perdíamos tempo rastreando faturas, levávamos semanas para detectar e responder a interrupções na cadeia de suprimentos e gastávamos tempo precioso apenas tentando recuperar o atraso.

Dados são o novo propulsor.

A IA inverte esse modelo. Hoje, velocidade e tempo são a nova moeda, com os dados atuando como força propulsora. Em uma economia volátil, quem responde mais rápido com os melhores dados e inteligência vence.

Na gestão de gastos, dados melhores significam decisões de compras mais inteligentes, fluxo de caixa melhor administrado, colaboração mais ágil com fornecedores e maior resiliência em toda a operação.

Segundo uma pesquisa recente do Gartner com CEOs, 82% das empresas esperam ganhos de produtividade de 5% ou mais diretamente ligados à IA. Mas isso é apenas a ponta do iceberg. Ganhos de eficiência de 10% a 50% estão rapidamente se consolidando como o novo padrão.

A mensagem é clara: bons dados deixaram de ser um diferencial desejável. Agora são uma competência essencial para sobreviver.

Se sua empresa não tem uma estratégia de IA, você já está em desvantagem

Recentemente, realizamos nossa conferência anual de clientes em Las Vegas, com mais de 2 mil clientes corporativos e parceiros, e fiquei impressionada com o número de clientes que já estavam colocando em prática estratégias de IA em nossa plataforma ou começando a explorar como fazê-lo.

Neste estágio, apenas experimentar com IA não basta. Integrar a IA ao núcleo dos processos de gestão da sua empresa será o que separará os líderes do restante.

As empresas que prosperarão no novo normal serão aquelas em que a IA já orienta as decisões de compras, otimiza a seleção de fornecedores e os prazos de pagamento, identifica de forma proativa riscos de fornecedores e de conformidade e libera as equipes de tarefas manuais para que possam focar em tarefas mais estratégicas, capazes de gerar receita em vez de apenas economias de custo.

Essa é a nova realidade para CEOs, CFOs, líderes de compras e diretores de cadeia de suprimentos. Agora, eles são responsáveis por essa transformação em IA, moldando como suas empresas respondem a crises e capitalizam oportunidades. Já não estão apenas gerenciando o resultado financeiro, estão ajudando a redefinir a forma como todos trabalhamos.

E isso não é apenas teoria. A IA já está diminuindo a carga administrativa das equipes de back office, que podem ser reconfiguradas para atuar em funções mais próximas do cliente.

Por exemplo, um grande banco global usou IA para transformar sua antiga equipe de contas a pagar em uma equipe de suporte a renovações de clientes, possibilitando um aumento salarial de 15% para a equipe. Essa é a verdadeira oportunidade das plataformas líderes de IA: transformar o trabalho, as pessoas e as equipes, para melhor.

Essa e outras empresas líderes já automatizaram completamente tarefas manuais, como processamento de faturas, detecção de fraudes e conciliação de pagamentos, liberando suas equipes para se concentrarem em trabalhos mais impactantes.

A IA não é apenas uma ferramenta para eliminar empregos, mas elevá-los. É oferecer a pessoas inteligentes e capazes as melhores ferramentas para fazerem seu melhor trabalho, mais rápido, com mais dados, mais insights e mais propósito.

Mais dados não são a resposta: os melhores dados são

Existe um equívoco comum de que o sucesso da IA depende apenas de volume: coletar mais dados, alimentar os modelos e esperar que os resultados simplesmente apareçam. A realidade é diferente e bem mais exigente.

O que importa é ter os melhores dados, unificados, confiáveis, preparados para os desafios específicos que você precisa resolver.

Na gestão de gastos, isso significa garantir que a plataforma escolhida seja construída com dados de origem ética, padronizados e organizados de forma inteligente a partir de interações reais com clientes. Sem uma base sólida de “dados reais”, nenhum recurso de IA conseguirá entregar resultados consistentes simplesmente coletando dados da internet.

Líderes precisam se fazer perguntas difíceis quanto aos dados que alimentam suas estratégias de IA:

  • Qual é a qualidade e a origem desses dados?
  • De que forma eles são protegidos e governados?
  • Que resultados já foram comprovados em termos de negócio, e o que eles, de fato, revelam?

Velocidade sem confiança é imprudência. Confiança sem velocidade é irrelevante. A realidade é que você precisa das duas.

Escolha plataformas empresariais nativas de IA, não sistemas que adicionam IA depois

Muitas empresas caem na armadilha de presumir que qualquer tecnologia com o selo “IA-powered” atenderá às suas necessidades.

Mas existe uma diferença real entre plataformas construídas nativamente na nuvem, desde a origem, para incorporar inteligência e orquestração em todas as camadas, e os sistemas legados que adicionam IA depois, ou modelos baseados em dados fragmentados, sem estrutura nem unificação.

Modelos treinados em conjuntos de dados incompletos podem perder contexto e correlações importantes, levando a um desenvolvimento mais lento, governança inconsistente e perda de qualidade.

Uma plataforma nativa de IA aprende e escala mais rápido, adaptando-se automaticamente conforme as necessidades do negócio mudam. Ela trata a IA não como um complemento, mas como o motor que acompanha e impulsiona sua empresa, oferecendo insights holísticos em tempo real, que resultam em melhores resultados multifuncionais.

Em áreas críticas, como gestão de custos e gastos, onde trilhões em capital de giro, relacionamentos com fornecedores e resiliência operacional estão em jogo, essa diferença não é teórica. É crítica.

Examine suas plataformas de tecnologia. Verifique se a IA está de fato incorporada em toda a plataforma, ou se foi simplesmente adicionada como uma funcionalidade. Preparar suas operações para o futuro significa investir em sistemas construídos para a IA, velocidade, inteligência e confiança desde o início.

A IA será um divisor de águas, não apenas para definir quem sobrevive, mas para determinar quem lidera. E em um mundo onde os melhores dados definem os vencedores, o investimento mais inteligente é em sistemas e equipes capazes de transformar esses dados em ação rápida e estratégica, capaz de gerar decisões assertivas e valor empresarial duradouro.

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