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Qual a importância da gestão automatizada para o chão de fábrica?

Foto: divulgação.

Por Julio Bertolini, CEO da Aloee e sócio da ABC71.

Falta de visibilidade da produção, gargalos e atrasos na entrega são obstáculos comuns no dia a dia do setor industrial. No entanto, a solução para esses problemas está na capacidade de coletar e analisar dados em tempo real.

É justamente nesse contexto que a gestão automatizada ganha força, pois oferece a oportunidade de transformar erros em oportunidades de melhoria e desafios em resultados tangíveis.

Apesar de seus benefícios claros, essa ainda não é a realidade na maioria das organizações.

Como exemplo disso, segundo o Índice Transformação Digital Brasil, divulgado pela PwC, a transformação digital avançou em 2024 nas empresas brasileiras, atingindo a marca de 3,7 pontos, um crescimento em relação aos 3,3 pontos marcados em 2023. Contudo, mesmo com esse avanço, segundo o relatório, o ritmo ainda é lento.

Entre os principais desafios que impactam este ganho de crescimento, está a falta de uso de ferramentas tecnológicas já existentes e acessíveis no mercado, que, na maioria das vezes, são subutilizadas.

Essa ação provoca um efeito cascata que é refletido, diretamente, no planejamento, um outro problema que afeta as operações, uma vez que, sem a diretriz correta, as decisões sobre a programação da fábrica são tomadas com base em ‘feeling’ ou intuição, ao invés de serem guiadas por dados concretos.

Fazendo uma analogia, na aviação, para um piloto executar um voo desde a decolagem até a aterrisagem, são utilizados diversos recursos para avaliar condições climáticas, monitorar a aeronave, radares para prever com antecedência turbulências, entre outros exemplos.

Trazendo esse contexto para a indústria, a falta de ferramentas é o mesmo que os gestores pilotarem as operações sem os instrumentos adequados.

Certamente, sabemos que automatizar as operações é uma jornada que provoca uma mudança cultural expressiva, já que um novo modelo de gestão passa a ser instaurado. Por sua vez, a era da digitalização é um caminho sem volta e, aqueles que não se adaptarem, ficarão para trás.

A gestão automatizada no chão de fábrica promove diversos ganhos, como a redução de atrasos de entrega; produtividade e eficiência; melhor monitoramento do OEE (Overall Equipment Effectiveness), que avalia o desempenho de máquinas e equipamentos; visibilidade acerca do desempenho da empresa, permitindo criar um plano de ação; e o fornecimento de análises, promovendo a melhor compreensão do status atual da organização.

Todos esses benefícios são obtidos a partir da utilização de sistemas de gestão que simplifiquem e otimizem os processos industriais complexos com agilidade.

Por meio de ferramentas de sequenciamento, como o APS (Advanced Planning and Scheduling) integrada ao MES (Manufacturing Execution System), a jornada é aprimorada, de modo que a organização consiga definir estratégias efetivas para o negócio.

Entretanto, é importante enfatizar que nenhuma ferramenta sozinha tem o poder de mudar a realidade de uma indústria. Essa jornada envolve, além dos sistemas, processos e, sobretudo, pessoas.

Afinal, é a equipe que irá manusear os recursos e apoiar no melhor direcionamento da companhia. É aquela velha história: a tecnologia não vai eliminar a mão de obra humana, mas ajudá-la.

Quanto a isso, ter uma equipe especializada durante essa jornada é uma excelente estratégia. Isso porque, o time dará todo o direcionamento e instruções para obter as melhorias dos processos, identificando quais são os gargalos da produção, bem como apoiar em todas as etapas de qualificação e capacitação dos colaboradores.

Se, antes, a tecnologia era algo de alto custo, hoje, essa realidade mudou. Existe uma gama de opções acessíveis, além de que o ROI dos investimentos acontece de forma rápida.

Em se tratando do chão de fábrica, antes de olhar da porta para fora, é essencial que as indústrias busquem melhorar seus processos e eficiência, pois somente assim que será possível conquistar resultados.

Em um cenário de constante transformação, as indústrias que cuidam de suas operações internas, hoje, garantem o desempenho de amanhã. A automatização é o primeiro passo para as empresas que, além de sobreviver, querem se manter ativas e competitivas no mercado.

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