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O papel estratégico do varejo no combate à criminalidade urbana

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Foto: divulgação.

Por Rafael Bernardini, CEO da Sekron Digital.

A segurança pública sempre foi um dos maiores desafios das grandes cidades, e São Paulo não é exceção. Com o avanço das tecnologias de monitoramento e inteligência, abre-se hoje uma oportunidade histórica de transformar o modo como o poder público e a iniciativa privada lidam com a criminalidade urbana.

O programa Muralha Paulista, iniciativa da Secretaria da Segurança Pública do Estado, é um marco nesse processo de integração.

O Muralha Paulista tem como objetivo controlar a mobilidade criminal e aumentar a eficácia das ações policiais a partir de tecnologias como leitura automática de placas de veículos, reconhecimento facial e monitoramento em tempo real.

Essa rede já conta com milhares de câmeras conectadas a um banco de dados de diversos órgãos públicos, permitindo que as forças policiais tenham respostas mais rápidas e precisas.

A Sekron Digital foi uma das primeiras empresas privadas a aderir ao programa e, desde o primeiro semestre de 2025, já conectou centenas de câmeras de clientes estratégicos em pontos de grande circulação.

O resultado imediato tem sido claro: maior agilidade no atendimento de ocorrências e o fortalecimento da prevenção em regiões críticas.

A expectativa é que até o fim deste ano cheguemos a 5 mil câmeras integradas em pelo menos 2 mil endereços nos 203 municípios onde atuamos, devendo alcançar 15 mil câmeras até 2026.

Aqui entra o papel estratégico do varejo no combate à criminalidade urbana. Supermercados, shoppings, farmácias, lojas de rua e centros comerciais concentram diariamente milhões de consumidores e movimentam a economia em escala gigantesca.

São ambientes naturalmente expostos a riscos de furtos, assaltos e outras ocorrências que afetam diretamente a sensação de segurança da população.

Ao integrar suas câmeras e sistemas de monitoramento ao Muralha Paulista, o varejo não apenas protege seus ativos e clientes, mas também contribui ativamente para a inteligência policial. Uma câmera instalada na entrada de um supermercado, por exemplo, pode fornecer dados cruciais para identificar um veículo roubado em fuga.

Uma câmera em um shopping pode ajudar na identificação de suspeitos procurados pela Justiça. Isso transforma cada ponto de venda em um nó estratégico de uma rede coletiva de proteção urbana.

É importante reforçar que tudo é feito em plena conformidade com a LGPD: as imagens são utilizadas exclusivamente para fins de segurança pública, acessadas apenas por autoridades competentes e sem armazenamento em nuvem.

Dessa forma, conseguimos unir eficiência operacional, respeito à privacidade e interesse coletivo.

Outro ponto fundamental é que essa integração não gera custos adicionais ao poder público, nem ao varejista. Pelo contrário, aproveita-se a infraestrutura já existente no setor privado, multiplicando o alcance das forças policiais e permitindo que o Estado concentre recursos em áreas de maior vulnerabilidade.

Para o comerciante, um retorno triplo: protege seu negócio, mostra a sua responsabilidade social e contribui para a valorização do entorno, fortalecendo a confiança dos consumidores.

A experiência recente mostra que quando o poder público, a tecnologia e o varejo caminham juntos, a cidade inteira ganha.

A integração das câmeras privadas ao Muralha Paulista é mais do que uma medida de segurança: é um modelo de colaboração inteligente, que transforma os centros urbanos em espaços mais protegidos e preparados para enfrentar os desafios da criminalidade contemporânea.

Estamos diante de uma oportunidade sem precedentes de construir uma rede de proteção coletiva, em que cada câmera, cada endereço e cada comerciante se tornam protagonistas de uma São Paulo mais segura e inovadora.

O futuro da segurança urbana passa, inevitavelmente, pela união entre Estado, empresas e sociedade civil, e o varejo tem tudo para ser um dos pilares dessa transformação.

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