Por Felipe Negri, CEO do Pinbank.
No Brasil, praticamente todo o mercado está atento ao que acontece no setor de fintechs.
Isso não ocorre à toa: segundo o relatório “Fintech’s Next Chapter: Scaled Winners and Emerging Disruptors”, do BCG (Boston Consulting Group) e da QED Investors, as receitas dessas empresas aumentaram 21% em 2024, na comparação com o ano anterior.
Claramente é um segmento que passa por uma mudança de patamar, deixando de ser só uma promessa com potencial e tornando-se uma realidade que impacta economias inteiras.
Mas o que esse amadurecimento realmente representa no sentido de consolidar operações em escala nacional ou internacional? É uma pergunta que qualquer gestor, CTO e fundador deve se fazer para não tomar o caminho errado.
Com um mercado extremamente competitivo e mudanças tecnológicas acontecendo a cada instante, planejar a escalabilidade virou uma obrigação para qualquer fintech que queira se destacar.
Caso o contrário, a vantagem de estar em um setor muito aquecido dá lugar a problemas que tomam uma proporção gigantesca com velocidade, isso quando não se tornam fatais.
Pontos de atenção
Uma série de fintechs falham no momento de escalar justamente porque negligenciam aspectos fundamentais para um setor que está no centro da transformação digital do mercado financeiro. Estamos falando de questões como arquitetura tecnológica, governança, conformidade regulatória e infraestrutura de dados.
Não é incomum que uma empresa dessa categoria enfrente problemas teoricamente “simples” por falta de uma estrutura que comporte um crescimento sustentável. As instabilidades nos sistemas e a lentidão no atendimento ao cliente são alguns dos exemplos mais básicos.
Quando partimos para tópicos mais delicados, podemos citar as brechas para tentativas de golpes; apenas para oferecer um vislumbre disso, o mercado financeiro brasileiro sofreu mais de 50 mil violações de segurança só no primeiro semestre deste ano, como aponta a ISH Tecnologia.
Ou ainda podemos partir para a conformidade com regulamentações cada vez mais rígidas, que vão da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) à estrutura regulatória do Banco Central.
E não há como esquecer também da pressão por inovação constante. A personalização de serviços já não é mais um simples bônus, como o próprio avanço da IA (Inteligência Artificial) realça.
Uma infinidade de ferramentas desta categoria está sendo integrada a plataformas financeiras neste exato momento, então, claramente não estamos falando de um plano para um futuro distante; criar soluções que se tornam diferenciais é praticamente um dever de qualquer empresa do segmento.
Estrutura de crescimento sustentável
Para evitar todos os problemas elencados, as fintechs precisam alcançar um crescimento acelerado sem comprometer a performance, a segurança e a experiência do usuário. Mais do que atrair novos clientes, essa nova etapa das empresas requer uma estrutura capaz de suportar a complexidade da nova dimensão operacional e estratégica do setor.
Isso significa adotar práticas como arquitetura modular, uso de APIs robustas e sistemas em nuvem com alta disponibilidade, além de processos que facilitem atualizações contínuas sem impacto na operação; e tudo isso garantindo a segurança da empresa e do usuário.
Ao mesmo tempo, é essencial garantir integração entre áreas como compliance, engenharia e produto, para que a empresa cresça sem criar gargalos internos ou riscos sistêmicos que comprometam sua reputação.
Cada tecnologia e solução financeira deve ser aplicada de maneira estratégica, alinhando a resolução das necessidades específicas do negócio, tipos de operação e demandas dos clientes.
No cenário da transformação digital, aqueles que souberem conduzir as atividades com inteligência, explorando novas oportunidades promissoras, terão vantagem competitiva.
Escalar de forma estruturada e sustentável é o caminho para as fintechs que desejam sobreviver e transformar o mercado. Crescer rápido é importante, mas crescer com inteligência é o que realmente garante permanência.