Por Daniela Tomatti, vice-presidente comercial e de sustentabilidade para a América do Sul da Ball Corporation.
A indústria de bebidas vive um momento de efervescência, impulsionada por transformações no comportamento do consumidor, novos perfis de consumo e uma busca acelerada por inovação.
Em um cenário no qual saúde, sustentabilidade e experimentação ganham protagonismo, a embalagem torna-se um diferencial estratégico, e a lata de alumínio tem se destacado como vetor de inovação.
Uma tendência observada globalmente, especialmente em feiras e encontros técnicos da indústria, como a Drinktec, realizada em Munique, é a crescente aposta em bebidas com apelo à saudabilidade: cervejas com teor alcoólico reduzido ou nulo, refrigerantes com baixo ou zero açúcar e o avanço de bebidas funcionais, com proteínas, vitaminas e propriedades digestivas.
O evento reuniu as principais inovações do setor e confirmou o papel das embalagens como elemento essencial na diferenciação e na conexão com o consumidor.
Essa onda tem estimulado tanto grandes quanto pequenas marcas a diversificar seus portfólios. E é aí que a lata surge como aliada estratégica: leve, prática, segura e com um excelente desempenho na preservação do produto.
De acordo com a Agência Global de Inteligência de Mercado e Pesquisa (Mintel), na América do Sul, mais de 50% dos lançamentos de novas bebidas já são envasados em lata, reforçando a preferência das marcas por essa embalagem.
A razão para esse protagonismo está, entre outros fatores, na versatilidade do alumínio, especialmente com o avanço de tecnologias de impressão que permitem personalizações e edições limitadas, atributos valorizados por consumidores mais jovens, que buscam produtos alinhados com seu estilo e identidade.
O desenvolvimento de tecnologias de impressão em lata, como a Digital Printing, tem permitido a produção de lotes menores, personalizados e com qualidade fotográfica, viabilizando lançamentos ágeis, campanhas sazonais e maior conexão com o público-alvo.
Recursos como tintas termocrômicas (que mudam de cor com a temperatura), acabamentos texturizados e até tampas com elementos em braile transformaram a embalagem em uma plataforma de comunicação direta com o consumidor, ampliando seu papel para além da proteção do produto.
Entre os avanços mais recentes, destaca-se a tecnologia Dynamark™ Advanced Pro, reconhecida recentemente em premiações do setor pela combinação de precisão técnica e criatividade, por elevar o potencial da impressão digital variável, permitindo múltiplos designs em uma única tiragem e ampliando as possibilidades de personalização com eficiência e menor desperdício.
Mais do que estética, essas inovações respondem a uma necessidade real das marcas: diferenciar-se na gôndola. Grande parte das decisões de compra são feitas diante da prateleira, onde a embalagem exerce forte influência na escolha do consumidor.
Além da inovação visual e funcional, há um aspecto cada vez mais valorizado: a sustentabilidade. A lata de alumínio apresenta alta reciclabilidade e circularidade no Brasil, onde mais de 95% das latas são recicladas há 15 anos.
O processo de reciclagem economiza cerca de 95% da energia necessária para a produção de alumínio primário e a embalagem pode retornar às prateleiras em cerca de 60 dias, como uma nova lata.
Tais atributos reforçam o potencial do alumínio como solução para um modelo de consumo mais consciente e responsável.
Esse cenário de inovação acelerada, impulsionado por uma geração que experimenta mais, consome com propósito e valoriza marcas engajadas, desafia os fabricantes a reverem suas estratégias. A agilidade nos lançamentos e a personalização das embalagens são, hoje, ativos essenciais para competir em um mercado dinâmico.
A boa notícia é que a indústria tem respondido. Tecnologias antes restritas a grandes produtores agora estão mais acessíveis a pequenos e médios fabricantes, democratizando o acesso à inovação.
O movimento se traduz em mais diversidade nas prateleiras e em produtos mais alinhados com os valores do consumidor contemporâneo.
A lata de alumínio, antes vista apenas como uma solução prática, agora é peça-chave na transformação do setor de bebidas. Ela materializa, na forma e no conteúdo, a convergência entre inovação, experiência e sustentabilidade, pilares essenciais para o futuro da indústria.