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Talento não basta: o desafio da profissionalização criativa

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Foto: divulgação
Foto: divulgação

A economia criativa é feita de ideias. Mas, para sobreviver, elas precisam de estrutura.

Nos últimos anos, o Brasil viu uma explosão de profissionais criativos atuando como freelancers, produtores independentes, microempreendedores e criadores de conteúdo. É um movimento potente e, ao mesmo tempo, frágil. Porque talento, sozinho, não sustenta um negócio.

Segundo dados do Sebrae, o país ultrapassou a marca de 15 milhões de MEIs ativos em 2024, e uma parte expressiva deles atua em áreas ligadas à economia criativa: design, comunicação, moda, audiovisual, literatura e tecnologia. Só no setor de marketing digital, o crescimento de CNPJs individuais foi de 27% entre 2022 e 2024, impulsionado por profissionais que migraram para o trabalho autônomo.

Mas o que poderia representar maturidade ainda revela um ponto sensível: muitos desses negócios nascem sem gestão, sem planejamento e sem estratégia. Falta clareza sobre precificação, contratos, finanças e posicionamento de marca. É o “profissional criativo” que domina a arte, mas tropeça na administração.

O resultado é um mercado talentoso, mas vulnerável. Agências e marcas reclamam de falta de consistência nos fornecedores, e criadores enfrentam instabilidade de renda e desgaste emocional. O ciclo se repete: excesso de oferta, pouca estrutura e resultados abaixo do potencial.

A profissionalização do setor criativo não é sobre engessar a criatividade, é sobre dar a ela condições de existir com sustentabilidade. É sobre aprender a precificar o próprio tempo, a organizar fluxos, a planejar entregas e a medir resultados.

E, mais do que isso, é sobre reconhecer que criatividade também é negócio. E todo negócio precisa de base: jurídico, financeiro, estratégico e humano.

Consultorias, aceleradoras e programas de capacitação surgem como aliados importantes nesse processo. Eles ajudam a transformar ideias em planos, e planos em resultados. Não se trata de perder a essência artística, e sim de garantir que ela continue viva por mais tempo.

A nova geração da economia criativa não quer apenas criar. Quer crescer. E para isso, vai precisar de algo que sempre pareceu distante do universo das ideias: gestão.

Porque talento abre portas, mas é a estrutura que mantém o negócio de pé.

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Fundadora da B.done

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