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IA e longevidade: tecnologia e cooperativismo transformando o campo

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Por Glauco Balthar, diretor de TI e Operações da Quanta Previdência.

A modernização tecnológica está revolucionando o cotidiano no campo brasileiro. Trabalho e vida no agronegócio mudaram significativamente com a introdução de ferramentas de agricultura de precisão, inteligência artificial e automação.

Mas, hoje, segundo dados da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), estima-se que apenas 20% das áreas agrícolas do Brasil adotam agricultura de precisão, indicando um enorme potencial de crescimento e de onde o apoio das Cooperativas pode ser determinante para o sucesso dessas iniciativas.

Mesmo assim, o país já desponta na vanguarda da agricultura digital: produtores brasileiros superaram os norte-americanos e europeus no uso de recursos digitais na produção, impulsionando um ecossistema de inovação com 1.574 startups “agtech” mapeadas no país, ainda de acordo com o levantamento da ABAG.

Essa transformação busca não só aumentar a produtividade para atender à demanda global de alimentos, mas também mitigar impactos ambientais e reduzir custos.

De acordo com pesquisadores da Embrapa, disponibilizar tecnologia aos pequenos produtores permitiria a maximização do uso de insumos, com menor impacto ambiental e com menores custos de energia e combustível, um benefício crucial diante das mudanças climáticas e da pressão por eficiência.

De fato, o agronegócio brasileiro enfrenta eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, como secas e chuvas irregulares, que ameaçam a produção.

Alguns especialistas do mercado salientam que é preciso recorrer à inovação para diminuir riscos e continuar crescendo, frente a um “leque de problemas” trazidos pelo aumento das alterações climáticas.

Nesse cenário, soluções tecnológicas como monitoramento climático via satélites, irrigação inteligente e melhoramento genético tornam-se aliadas das famílias rurais para manter a sustentabilidade dos negócios e a segurança alimentar.

Conectividade via satélite: novas oportunidades para famílias e cooperativas

A chegada da internet de alta velocidade via satélite ao campo está eliminando o isolamento digital das comunidades rurais. Historicamente, grande parte das famílias do agro ficou desconectada do sistema financeiro e dos serviços online devido à baixa cobertura de telecomunicações.

Para se ter ideia, apenas 28% dos estabelecimentos rurais possuíam acesso à internet, conforme dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

Essa exclusão digital limitava o acesso a informações de mercado, serviços bancários e conteúdo de educação financeira, deixando produtores e suas famílias à margem da economia digital. Entretanto, o cenário começou a mudar drasticamente em 2025 com iniciativas como a internet via satélite Starlink, e a expansão de redes comunitárias.

A Starlink lançou planos sob medida para áreas remotas, com antenas portáteis a preços mais acessíveis, prometendo romper barreiras históricas de conectividade no campo.

Essas soluções representam um avanço decisivo na inclusão digital rural, pois permitem que o produtor se conecte de qualquer lugar, ganhando autonomia e segurança.

A conectividade satelital viabiliza o uso de tecnologias modernas no agro, desde sistemas de monitoramento do clima e irrigação até rastreamento de máquinas e aplicativos de gestão pecuária, e até educação a distância para as famílias no campo.

Cooperativas brasileiras também enxergaram oportunidade nessa nova era: projetos de internet cooperativa já levam banda larga de qualidade a 73 mil pessoas no interior, praticamente o dobro do alcance que tinham há alguns anos, conforme dados da OCB.

Cooperativas digitais e o desafio da educação previdenciária

Diante desse novo panorama, as cooperativas de crédito e previdência, como a Quanta Previdência, têm investido intensamente em novos canais de atendimento digitais, levando serviços financeiros online e em tempo real ao campo.

Aplicativos móveis e plataformas web permitem que cooperados realizem praticamente todas as operações bancárias sem precisar se deslocar até a cidade, como fazem sistemas como Unicred e AILOS.

No entanto, ainda há muito a avançar na educação financeira e previdenciária no meio rural. O Brasil possui milhões de trabalhadores do campo sem qualquer tipo de proteção previdenciária complementar, e muitos dependem apenas da aposentadoria rural básica.

Uma pesquisa da FGV/EESP revelou que 83,6% dos ocupados na agricultura não contribuem para a Previdência Social regularmente, um dado que escancara o desafio de incluir financeiramente essa população.

As cooperativas reconhecem que levar conhecimento e alternativas de proteção ao campo é parte de sua missão. A Quanta Previdência, por exemplo, vem intensificando programas de educação e divulgando soluções adaptadas à realidade do agro.

Por fim, é consenso entre os especialistas que a tecnologia deve servir para empoderar as pessoas, não para substituí-las. No cooperativismo, não há como pensar em agro 4.0 sem manter o fator humano no centro.

O papel das cooperativas na era digital é usar a inovação para dar protagonismo às famílias, conectando gerações e garantindo a sucessão do patrimônio.

A previdência complementar cooperativa se mostra uma ferramenta poderosa nesse contexto, pois alia educação financeira, segurança de renda futura e espírito comunitário, protegendo o presente e o futuro das famílias do campo, permitindo que continuem produzindo com estabilidade e investindo no amanhã, sem perder suas raízes e valores.

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