Por Vanessa Moraes, business sales manager da Adistec Brasil.
Nos últimos anos, a corrida para a nuvem pública parecia um caminho sem volta. Empresas de todos os portes migraram rapidamente seus sistemas e dados, atraídas pela promessa de escalabilidade agilidade e redução de custos.
No entanto, à medida que os projetos amadureceram, a realidade se mostrou mais complexa: despesas que fogem ao controle, preocupações crescentes com a soberania dos dados e a necessidade de maior personalização fizeram muitos gestores revisitarem seus planos de infraestrutura.
É nesse contexto que a nuvem privada ressurge como peça-chave em uma estratégia mais equilibrada e inteligente.
A volta da nuvem privada não deve ser interpretada como retrocesso, mas sim como um amadurecimento do mercado. As empresas perceberam que não existe uma solução única capaz de atender a todas as demandas.
O verdadeiro diferencial está em combinar modelos, nuvem pública, privada e infraestrutura on-premise, de acordo com o nível de criticidade, de governança e de performance exigido em cada caso.
Essa visão híbrida e multicloud se tornou a espinha dorsal da transformação digital.
E os números confirmam essa tendência.
Segundo o Gartner (2024), os gastos globais de usuários finais com Nuvem Pública devem chegar a US$ 723 bilhões em 2025.
Ao mesmo tempo, a consultoria projeta que 90% das empresas adotarão Nuvem Híbrida até 2027, e que todos os segmentos de Cloud irão registrar crescimento de dois dígitos em 2025.
Ou seja, não se trata de abandonar a nuvem pública, mas de redesenhar a estratégia para buscar o melhor dos dois mundos: escalabilidade e eficiência, sem abrir mão de segurança, previsibilidade e controle.
Esse movimento ganha ainda mais relevância em setores regulados, como saúde e financeiro, onde a governança é inegociável.
Mas não se limita a eles: indústrias, varejo e até pequenas empresas já percebem que a nuvem privada pode reduzir custos de compliance, otimizar workloads críticos e aumentar a resiliência cibernética.
No fundo, o que estamos assistindo é uma mudança de mentalidade. O debate deixou de ser “migrar ou não migrar para a nuvem” e passou a ser “qual é a melhor combinação de nuvens para o meu negócio?”.
Essa reflexão mostra que a volta da nuvem privada não representa um passo atrás, mas sim um avanço estratégico, no qual as organizações escolhem com mais clareza onde querem investir, proteger e inovar.