Por Luiz Guardieiro, diretor de receita da Portão 3 (P3).
A inteligência artificial não é mais uma promessa distante, ela já está sentada à mesa da vida financeira dos brasileiros.
Quase sete em cada dez consumidores aceitam que a IA os auxilie na gestão do dinheiro, mas apenas 14% confiariam a ela decisões autônomas.
O dado revela algo essencial: o brasileiro quer tecnologia, mas com responsabilidade, controle e clareza. Quer ajuda, não substituição.
A confiança é o ponto de ruptura entre aceitação e rejeição. Para que a IA seja realmente útil, ela precisa falar a linguagem do usuário.
Transparência é prioridade: 40% dos entrevistados pedem explicações em linguagem simples; 39% querem conhecer as regras que regem a tomada de decisão; 38% desejam entender os parâmetros usados; e 36% precisam saber que há uma equipe de especialistas por trás do algoritmo.
Em outras palavras, a IA só será relevante se for compreensível, auditável e confiável. Tecnologia sem empatia e sem contexto humano não passa de uma caixa preta.
Bancos e fintechs já perceberam essa demanda. Resumos personalizados na tela inicial dos aplicativos, chatbots com conversas mais naturais e recomendações financeiras adaptadas ao perfil do cliente são exemplos de como IA e experiência humana podem caminhar juntas.
Ainda assim, o desafio é grande: a tecnologia deve ser uma ferramenta de amplificação, não um substituto do contato humano nem do controle sobre o próprio dinheiro.
O brasileiro busca autonomia com segurança, quer interagir com sistemas que respeitem suas escolhas e expliquem cada passo das decisões que impactam suas finanças.
Segundo pesquisa encomendada pelo Itaú Unibanco, clareza, controle e confiabilidade formam a tríade que definirá se a IA será apenas um modismo ou um verdadeiro aliado. Ignorar qualquer um desses pilares é abrir caminho para frustração e desconfiança.
O desafio, portanto, não é apenas tecnológico, mas humano. Não basta ter o algoritmo mais sofisticado, é preciso criar experiências que inspirem confiança.
A IA deve ser transparente, previsível e compreensível, respeitando a psicologia do consumidor brasileiro e transformando cada interação em aprendizado e segurança.
O futuro das finanças no Brasil será híbrido: humano e potencializado pela tecnologia. Só sobreviverão as instituições que entenderem que inovação sem compreensão é irrelevante.
Quem conseguir combinar inteligência artificial com empatia, clareza e controle não apenas conquistará vantagem competitiva, mas liderará a construção de um novo padrão de relacionamento entre pessoas e dinheiro.
No fim, a pergunta que fica é direta: estamos oferecendo uma IA que nossos clientes entendem e confiam, ou apenas seguindo a onda tecnológica? A resposta definirá quem estará à frente no futuro.