Por João Pedro Gomes dos Santos, engenheiro ambiental da Reciclus.
A COP30, que acontecerá em novembro, evidenciará assuntos voltados ao combate das mudanças climáticas, como economia circular e logística reversa, temas que são pilares fundamentais para a atuação e o propósito da Reciclus, Associação Brasileira para a Gestão de Logística Reversa de Produtos de Iluminação.
A economia circular é um modelo econômico que propõe um novo jeito de produzir e consumir, diferente do sistema tradicional linear, resumidamente baseado em “extrair, produzir, usar e descartar”.
A ideia é fazer com que os produtos, materiais e recursos permaneçam em uso pelo maior tempo possível, sendo reutilizados, reciclados ou transformados em novos produtos ao final de sua vida útil. Em vez de gerar resíduos, tudo é pensado para voltar ao ciclo produtivo.
A logística reversa é uma ferramenta essencial da economia circular, uma vez que permite que produtos e materiais, depois de usados, voltem ao ciclo produtivo.
Esse fluxo funciona como um “caminho de volta”: o consumidor devolve o item (como lâmpadas fluorescentes, pilhas, embalagens etc.) a um ponto de entrega especializado, e as empresas responsáveis se encarregam de dar a destinação correta, seja por meio da reciclagem, do reaproveitamento de partes ou realizando o descarte ambientalmente adequado dos resíduos.
A logística reversa está prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305/2010, e estabelece a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida desses produtos, visando a redução do impacto ambiental e do desperdício de recursos, além de estimular o consumo responsável.
No caso das lâmpadas fluorescentes, foco de atuação da Reciclus, a logística reversa tem um papel essencial. Esses produtos contêm mercúrio – uma substância tóxica -, além de materiais como vidro e alumínio.
Quando descartadas de forma incorreta, as lâmpadas fluorescentes causam sérios impactos ambientais, pois o mercúrio contido nelas contamina o solo, os lençóis freáticos e os animais, além de ser um risco para a saúde humana.
Por meio da operação de logística reversa da Reciclus, o mercúrio é destinado de modo ambientalmente adequado, de acordo com a legislação de cada localidade, o vidro, majoritariamente, é reciclado e, consequentemente, reintroduzido em produções industriais, assim como os componentes metálicos.
Esse ciclo evidencia a transformação de resíduos em recursos e reforça, na prática, os princípios da economia circular.
Nesse sentido, a COP30 representa uma importante oportunidade para que o Brasil assuma protagonismo na transição para a economia circular, consolidando práticas como a logística reversa como pilares centrais das estratégias climáticas globais.
Conectado a isso, a Reciclus desempenha um papel estratégico ao unir responsabilidade ambiental e compromisso social.
De um lado, atua na mitigação dos riscos associados ao descarte inadequado de lâmpadas fluorescentes, viabilizando a coleta e o tratamento seguro de lâmpadas que contêm mercúrio.
De outro, promove a conscientização e o engajamento por meio do Programa Reciclus Educa, que produz e distribui gratuitamente materiais de educação ambiental para escolas públicas e privadas de todo o país, fomentando a construção da consciência ambiental coletiva.
A ação em prol de um presente e um futuro mais sustentáveis perpassa a integração entre política, tecnologia e educação, elementos que, juntos, transformam o ciclo de vida dos produtos e redefinem o significado do descarte.