Pesquisar

A nova era da TI terá menos escala e mais especialização

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Por Lucas Vanzin, cofundador e CEO da EVEO.

A corrida pela transformação digital teve, por anos, um objetivo claro: escalar. As empresas buscavam infraestrutura global, flexível e praticamente infinita.

Os hyperscalers dominavam essa fase, prometendo redução de custos e agilidade. Por um tempo, entregaram, mas o modelo começou a mostrar seu preço.

Custos imprevisíveis, contratos atrelados ao dólar, suporte distante e latência elevada em operações críticas se tornaram obstáculos reais.

O que parecia liberdade passou a representar dependência e as empresas começaram a questionar: será que crescer sem limites é, de fato, o melhor caminho?

Hoje, o movimento é outro. A prioridade deixou de ser apenas escalar para crescer com previsibilidade, eficiência e propósito.

Organizações estão revendo o que realmente precisa estar em nuvem pública e o que faz mais sentido permanecer em data centers locais, com custos em moeda nacional, compliance garantido e suporte no mesmo idioma.

Da escala à especialização: um novo paradigma

A era da especialização está redefinindo o papel da infraestrutura de TI. Em vez de ambientes genéricos, ganha força a infraestrutura sob medida, ou seja, aquela que entende a natureza de cada workload e se ajusta ao contexto da operação.

Os números mostram por que isso faz sentido. De acordo com a Veritas Technologies, 94% das empresas registraram aumento de custos acima do previsto em nuvens públicas.

Parte disso ocorre porque workloads que poderiam estar em ambientes privados ou locais continuam usando recursos caros em infraestruturas globais.

Além do impacto financeiro, há também o operacional. Cada byte que cruza fronteiras representa maior latência e risco de compliance, especialmente em tempos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e regulações locais mais rigorosas. E o custo de reverter essa movimentação, trazendo dados de volta, pode ser ainda mais alto.

Por isso, 83% das empresas planejam repatriar parte das cargas de trabalho para data centers privados ou locais nos próximos anos, segundo pesquisa da EE Times.

Trata-se de um movimento racional, que busca posicionar cada workload onde ele gera mais valor, e não apenas onde há mais capacidade.

Por que o futuro da TI é local e brasileiro?

Workloads de inteligência artificial, renderização, analytics e sistemas críticos precisam de ambientes otimizados, e não apenas de poder de processamento.

Os hyperscalers transformaram a infraestrutura em commodity, mas a eficiência verdadeira vem da personalização.

É nesse cenário que provedores nacionais ganham protagonismo. No Brasil, o avanço dos data centers Tier III transformou o país em referência regional nos quesitos confiabilidade e disponibilidade.

Hoje, empresas que mantêm workloads locais se beneficiam de baixa latência, suporte próximo, custos previsíveis e conformidade total com a LGPD. Trata-se de uma combinação que traz soberania operacional e jurídica.

Além disso, segundo a PwC, organizações que utilizam infraestruturas customizadas têm 60% menos falhas operacionais. É a prova de que a especialização não é apenas tendência, mas uma vantagem competitiva real.

Analisando todos esses aspectos, parece claro que o futuro da TI não será definido pela escala, e sim pela capacidade de adaptar a tecnologia ao contexto de cada negócio. E essa adaptação começa perto: no país, no idioma e na realidade de cada empresa.

Compartilhe

Leia também