Por Danilo Nunes, professor, pesquisador da Creator Economy e CVO e sócio responsável pela Thruster Creative Strategy.
Em 2025, uma coisa já não deixa dúvidas: a Inteligência Artificial está remodelando o mundo do trabalho, mas de um jeito bem diferente do que prevíamos há alguns anos. O que está surgindo não é apenas uma mudança de ferramentas, mas uma nova forma de atuar economicamente, um modelo híbrido entre o funcionário tradicional e o empreendedor clássico.
Um tipo de profissional que usa a tecnologia para criar, testar e monetizar ideias próprias, mas sem necessariamente assumir todos os riscos do empreendedorismo.
Durante muito tempo, estivemos presos entre dois polos: ou você trabalhava dentro de uma organização, contribuindo para um projeto que não era seu, ou decidia empreender, com tudo o que isso envolve em tempo, capital e risco. Mas a ascensão das ferramentas de IA e do desenvolvimento no/low-code está abrindo espaço para uma terceira via: pessoas que transformam ideias em negócios viáveis com custo, tempo e complexidade mínimos.
IA como alavanca da experimentação
Recentemente, um exemplo viralizou: um criador decidiu desenvolver uma placa acrílica no formato de um iPhone para incentivar o distanciamento das telas. Com o apoio de ferramentas de IA e no-code, em poucos dias ele saiu da ideia para o protótipo, fez o produto rodar nas redes e vendeu centenas de unidades em semanas, sem ter uma fábrica, uma equipe ou experiência técnica prévia.
Esse tipo de caso se multiplica. Hoje, qualquer pessoa com curiosidade e acesso a plataformas como Bolt.new ou Encursor pode lançar um app funcional em dias, sem saber programar.
Segundo dados da Fortune Business Insights, o mercado global de plataformas de desenvolvimento low-code deve ultrapassar US$ 94 bilhões até 2028, com taxas anuais de crescimento entre 20% e 30%. Esse ritmo mostra que a capacidade de criar com baixo risco não é mais exceção, é o novo normal.
Menos risco, mais criação
Empreender sempre foi, acima de tudo, administrar riscos. O que muda com a IA é que o risco está sendo redistribuído: testar ideias, criar protótipos, validar modelos e até escalar se tornou mais barato e acessível. Hoje, com algumas horas, as ferramentas certas e criatividade, é possível transformar uma hipótese em um experimento real, com feedback imediato do público.
Nas operações que conduzimos na Thruster Creative Strategy, vemos essa lógica todos os dias. Guiamos times criativos e marcas para trabalharem dentro de uma estrutura de performance, onde cada ação é um teste, e cada teste gera aprendizado mensurável. A IA acelera esse ciclo: ela permite que as ideias ganhem corpo antes mesmo de exigirem grandes investimentos.
Isso não elimina o risco, mas o torna mais inteligente e controlável. E é justamente aí que mora a transformação: a IA não está apenas otimizando o que já existe, está redefinindo o ponto de partida do empreendedorismo.
O trabalho do futuro é um ecossistema de criadores
O impacto dessa mudança vai muito além das startups. Vamos ver, nos próximos anos, uma nova geração de profissionais surgindo de lugares inesperados, pessoas que não se definem mais como “funcionárias” nem como “empreendedoras”, mas como criadoras de soluções. Elas usarão IA para gerar valor, renda e autonomia, sem precisar escolher entre estabilidade e independência.
A IA não está apenas mudando o trabalho, está mudando quem pode trabalhar criando. O futuro pertencerá a quem entender que o verdadeiro poder não está em possuir uma empresa, mas em aprender, testar e adaptar rápido.