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O desafio das empresas familiares não é só expandir, é atravessar gerações

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Por Frederico Passos, CEO da Unentel.

Empresas familiares que atravessam décadas sabem que o maior desafio não está apenas em crescer, mas em permanecer relevantes.

Dados recentes do IBGE divulgados em 2025 mostram que só três em cada dez negócios familiares chegam à terceira geração. E o motivo, na maioria das vezes, está mais na dificuldade de equilibrar tradição e inovação do que na falta de mercado.

É quando a tecnologia ganha protagonismo: quando planejada com visão de longo prazo, ela se torna o elo entre gerações, garantindo que a história construída até aqui sirva de base para as próximas transformações.

Conectar diferentes gerações dentro da mesma empresa exige mais do que boa vontade; exige estrutura.

A liderança que enxerga a tecnologia como parte da estratégia, e não somente como uma ferramenta, cria um ponto de encontro entre visões distintas: de um lado, a experiência e o olhar cauteloso das gerações fundadoras; de outro, a agilidade, o domínio digital e a busca por inovação. 

Quando a operação é sustentada por sistemas integrados e dados confiáveis, o diálogo muda. As decisões deixam de depender de percepções individuais e passam a se apoiar em evidências.

Isso reduz o ruído, fortalece a governança e cria clareza sobre o que realmente gera valor.

Nos últimos meses, muitas companhias vêm reestruturando suas bases tecnológicas justamente para garantir essa continuidade.

A integração de sistemas legados com novas plataformas tem permitido que informações históricas se conectem a processos mais modernos, sem perda de conhecimento.

É o tipo de evolução que preserva o que deu certo enquanto abre espaço para novas práticas. Esse equilíbrio é o que diferencia empresas que envelhecem das que amadurecem.

A transparência também ganhou peso nessa equação. Ambientes em que indicadores são claros, resultados são acompanhados por todos e dados estão acessíveis a diferentes áreas tendem a gerar mais confiança entre as lideranças.

Hoje, isso é decisivo, já que a segurança virou prioridade: segundo a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), o número de incidentes cibernéticos cresceu 18% neste ano.

Proteger informações é, além de requisito legal, um compromisso de continuidade. Afinal, nada coloca mais em risco um legado do que a perda de dados críticos ou a interrupção de operações.

Outro ponto essencial é a governança da inovação. Inovar não significa romper com o que veio antes, e sim evoluir a partir do que já existe. Criar espaços em que diferentes gerações participem das decisões tecnológicas ajuda a garantir que a inovação seja construída com propósito, não como resposta a modismos.

Quando há clareza nos processos, abertura ao diálogo e alinhamento de expectativas, a tecnologia não gera resistência e é vista como ferramenta de protagonismo compartilhado.

No fim, o que sustenta uma empresa ao longo das décadas é a capacidade de alinhar passado e futuro em uma mesma visão. A tecnologia é o que torna isso possível. Ela preserva o conhecimento, organiza as informações e dá suporte para decisões que atravessam o tempo.

Dessa forma, o legado não fica só na lembrança, se torna uma base viva, capaz de sustentar as próximas gerações.

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