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Como implementar IA nas empresas com 5 orientações baseadas em dados

Enrico Gazola e Gabriel Valentim, co-fundadores da Nero.AI
Enrico Gazola e Gabriel Valentim, co-fundadores da Nero.AI

A corrida pela implementação de inteligência artificial (IA) nas empresas está acelerada, mas nem todas estão colhendo os frutos dessa transformação.

Segundo a mais recente pesquisa global da McKinsey sobre o estado da IA, 78% das organizações já utilizam a tecnologia em pelo menos uma função de negócio, um salto expressivo em relação aos 55% de um ano atrás.

No entanto, mais de 80% dos executivos admitem não ver impacto tangível no EBIT (lucro antes de juros e impostos) em nível empresarial.

Vemos uma enorme diferença entre adotar IA e realmente capturar valor com ela. Muitas empresas estão na fase de experimentação, mas poucas estão fazendo as mudanças organizacionais necessárias para transformar esses pilotos em resultados concretos“, alerta Gabriel Valentim, engenheiro da computação cofundador da Nero.AI, software house especializada em inteligência artificial aplicada a negócios.

O levantamento da McKinsey, realizado com 1.491 participantes em 101 países, revela que apenas 1% dos executivos descrevem seus projetos de IA generativa como “maduros”.

Para ajudar empresas a saírem da fase experimental e gerarem resultados reais, reunimos cinco orientações fundamentais baseadas nos dados da pesquisa.

1. Redesenhe workflows em vez de apenas automatizar tarefas

A pesquisa identificou que o redesenho de fluxos de trabalho tem o maior efeito na capacidade de uma organização gerar impacto no EBIT com IA generativa. Atualmente, apenas 21% das empresas que usam IA generativa redesenharam fundamentalmente pelo menos alguns de seus workflows.

A grande armadilha é usar IA apenas para fazer as coisas antigas mais rápido. O verdadeiro valor vem de repensar completamente como o trabalho é feito“, explica.

Ao invés de usar IA para acelerar a criação de relatórios, você pode redesenhar o processo para que a IA gere insights automaticamente e os colaboradores foquem em decisões estratégicas.

É uma mudança de paradigma, não apenas de ferramenta”, diz o especialista. 

2. Coloque a liderança sênior no centro da governança de IA

A análise da McKinsey mostra que a supervisão do CEO sobre governança de IA é um dos elementos mais correlacionados com maior impacto no resultado financeiro.

Atualmente, 28% das organizações que usam IA reportam que o CEO é responsável por supervisionar a governança de IA.

IA não é apenas uma questão de TI, é estratégia de negócio. Quando o CEO assume a governança, isso sinaliza para toda a organização que a transformação é prioridade. Além disso, decisões sobre ética, privacidade e uso responsável de IA precisam ser tomadas no mais alto nível, pois afetam a reputação e o futuro da empresa”, salienta. 

3. Defina e monitore KPIs específicos para soluções de IA

O rastreamento de KPIs bem definidos para soluções de IA é a prática que tem maior impacto no resultado financeiro.

No entanto, menos de um, em cinco respondentes afirma que suas organizações estão monitorando indicadores-chave de desempenho para IA generativa.

Você não gerencia o que não mede. Muitas empresas implementam IA e esperam que a mágica aconteça, mas sem métricas claras, é impossível saber se está funcionando. Os KPIs precisam ir além de ‘quantas pessoas usam a ferramenta’ e focar em resultados de negócio, como redução de tempo de atendimento, aumento na taxa de conversão e economia de custos operacionais”, observa. 

4. Gerencie proativamente os riscos relacionados à IA

As organizações estão intensificando esforços para mitigar riscos relacionados à imprecisão, cibersegurança e violação de propriedade intelectual.

Implementar IA sem uma estratégia robusta de gestão de riscos é como dirigir em alta velocidade sem cinto de segurança. No Brasil, onde temos a LGPD e um contexto de grande diversidade, esses cuidados são ainda mais críticos. Um modelo treinado sem atenção a vieses pode reproduzir e amplificar desigualdades”, enfatiza. 

5. Invista em reskilling e contratação estratégica

Metade dos respondentes afirma que precisará de mais cientistas de dados.

A maior barreira não é tecnológica, é humana. Você precisa de pessoas que entendam tanto o negócio quanto a tecnologia“,complementa.

Isso inclui novos papéis focados em riscos, como especialistas em conformidade (13%) e ética de IA (6%).

O caminho à frente

Apesar dos desafios, a pesquisa mostra sinais positivos. Comparado ao início de 2024, parcelas maiores de respondentes relatam que os casos de uso de IA generativa aumentaram receita.

As empresas que estão redesenhando processos, estabelecendo governança sólida, medindo resultados, gerenciando riscos e investindo em pessoas são as que vão liderar seus setores nos próximos anos“, conclui.

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