Por Renata Neves, gerente de produtos, e Marcilio Santana, especialista em vendas de produtos sênior, da Adistec Brasil.
Há uma falsa sensação, cada vez mais perigosa, de que o ransomware é algo inevitável, como se pagar resgate fosse parte do jogo. Mas não é. A verdadeira defesa contra ataques já não está no caminho mais curto, e sim no mais inteligente: criar estruturas de backup capazes de garantir resiliência real. Isso envolve decisões que vão muito além da tecnologia e entram no coração da operação. Quando falamos em recuperação, não se trata apenas de ter uma cópia dos dados, mas de compreender exatamente quanto podemos perder e por quanto tempo podemos ficar parados. É isso que definem o POR (Policies, Organization, and Resources ou Política, Organização e Recursos) e o RTO (Recovery Time Objective, ou Objetivo de Tempo de Recuperação). O RPO determina o volume máximo de dados aceitável de ser perdido em um incidente, enquanto o RTO indica o tempo máximo que a empresa pode ficar inoperante antes que o impacto se torne crítico. Esses dois parâmetros são o alicerce de qualquer estratégia séria de continuidade.
Os dados reforçam essa urgência. O relatório “Cost of a Data Breach”, da IBM, mostrou que o custo médio de uma violação de dados no Brasil alcançou R$ 6,75 milhões em 2024, subindo para R$ 7,19 milhões em 2025. São valores que não representam apenas números em uma planilha, mas falhas prolongadas, interrupções de serviço, perda de produtividade e danos reputacionais que levam meses para serem reparados. São prejuízos que diminuem drasticamente quando há políticas de backup maduras, alinhadas a RPOs e RTOs bem definidos e testados.
Backups inteligentes
É nesse ponto que os backups inteligentes mostram seu valor. Quando são projetados com múltiplas camadas de proteção, isolados e imutáveis, oferecem uma rota segura de recuperação sem depender de criminosos. Os ataques atuais tentam atingir justamente as cópias de segurança, porque sabem que, sem elas, a empresa fica refém. Mas quando existe uma estratégia robusta, cópias distribuídas, ambientes isolados, retenção consistente, o caminho para restaurar tudo é claro, rápido e eficaz.
Ainda assim, armazenar não basta. A verdadeira resiliência está em testar, medir e repetir. Muitas empresas descobrem gargalos e falhas apenas no momento do ataque, e essa surpresa costuma ser mais danosa do que o evento em si. Testes recorrentes fazem com que o plano de recuperação deixe de ser uma teoria e se transforme em um
processo confiável, capaz de devolver a operação ao seu estado normal com rapidez, algo vital em um ambiente no qual cada minuto parado tem impacto financeiro real.
Arquiteturas híbridas
A adoção de arquiteturas híbridas também ganhou protagonismo. Ao combinar nuvem, ambientes locais e cópias off-line, as empresas conseguem distribuir riscos, controlar custos e garantir que nenhuma ameaça, cibernética ou física, comprometa todas as camadas ao mesmo tempo. Em um mundo no qual o volume de dados cresce continuamente, essa flexibilidade virou não apenas tendência, mas necessidade estratégica.
E apesar de toda a tecnologia envolvida, resiliência não se sustenta sem cultura. Ela depende de times alinhados, processos claros e parceiros experientes capazes de orientar decisões críticas. Não é apenas sobre proteger dados: é sobre garantir continuidade, credibilidade e capacidade de reação.
Por mais que o ransomware evolua, ele não precisa ditar o destino das empresas. Com planejamento, múltiplas camadas de proteção, testes de recuperação e decisões conscientes sobre RPO e RTO, é possível enfrentar ataques sem paralisar operações ou ceder a pressões externas. Em um cenário onde ameaças são inevitáveis, a resiliência se torna o verdadeiro diferencial competitivo.