Por Jamil Mouallem, sócio-diretor Comercial e de Marketing da TS Shara.
À medida que 2025 se aproxima do fim, empresas brasileiras têm diante de si uma oportunidade estratégica rara: usar esse momento de transição não apenas para fechar balanços, mas para redefinir o próprio modo como tratam energia, eficiência e resiliência. A preparação para 2026 começa exatamente aqui, no ponto em que o presente pressiona e o futuro exige clareza.
E esse futuro já se desenha com nitidez quando olhamos para os dados mais recentes. Em 2024, a matriz elétrica do Brasil atingiu 88,2% de participação de fontes renováveis, segundo o Ministério de Minas e Energia. Esse patamar coloca o país em uma posição de vantagem global e abre espaço para que empresas internalizem, de forma madura, práticas de gestão energética mais inteligentes. Ao mesmo tempo, o consumo nacional avançou para 650,4 TWh em 2024, alta de 5,5% em relação ao ano anterior, sinal de que o crescimento econômico seguirá ampliando a pressão sobre a infraestrutura energética.
O ponto é: se 2025 já registra maior demanda, 2026 tende a ser um ano de cobrança por eficiência e estabilidade. Não apenas por questões técnicas, mas por um novo tipo de expectativa corporativa e social. Empresas serão pressionadas por investidores que esperam previsibilidade; por consumidores que valorizam responsabilidade; por cadeias produtivas que não toleram interrupções; e por regulações que devem endurecer diante das metas climáticas e dos compromissos internacionais assumidos pelo país. A energia, portanto, deixa de ser um assunto de engenharia e passa a ser um componente central de competitividade.
E é justamente aqui que a reflexão se aprofunda: como sobreviver, e prosperar, em 2026 sem construir agora uma base sólida? Reduzir perdas energéticas no fim de 2025 significa mais do que diminuir desperdícios. Significa blindar a operação contra oscilações, preparar processos para um ano que tende a ser mais exigente, criar resiliência diante de possíveis estresses do sistema elétrico, incorporar automação e monitoramento como aliados estratégicos e, sobretudo, abandonar a lógica reativa que tantas empresas carregaram por décadas.
O ano de 2026 será marcado por maior digitalização, pela consolidação de tecnologias baseadas em dados, por cadeias mais interconectadas e por níveis maiores de dependência elétrica, inclusive em setores que antes tinham baixa intensidade energética. Quando tudo está conectado, qualquer falha energética se torna mais cara, mais visível e mais difícil de absorver. E é aí que uma preparação iniciada agora se transforma em vantagem concreta: empresas com perdas menores, processos enxutos, infraestrutura modernizada e visão antecipatória estarão prontas para ambientes mais voláteis.
Planejar 2026 com seriedade passa por assumir que a energia é a espinha dorsal da produtividade e que eficiência não é tema ambiental, mas empresarial. Quem aproveitar este fim de 2025 para ajustar rota, repensar prioridades e estruturar um sistema energético interno mais consistente entrará no próximo ano mais competitivo, mais estável e, acima de tudo, muito mais preparado para o imprevisível. Porque 2026 não será indulgente com improvisos, ele premiará quem cultivou resiliência antes da tempestade.