Crianças e adolescentes estão cada vez mais inseridas no mundo da tecnologia. E é nesse contexto que surge a SuperGeeks, que ensina programação e robótica para esse público. Fundada em 2014, a instituição atende mais de 4 mil alunos.
Mas qual a importância em oferecer cursos tão técnicos para crianças em processo de alfabetização? Para responder essa e outras perguntas, o Economia SP Drops conversou com a nova CEO da SuperGeeks, Cássia Akemi Ban. Leia na íntegra:
Por que é importante o conhecimento em programação e robótica desde cedo?
Cássia: A tecnologia faz parte do dia a dia das pessoas. São milhões de dispositivos que se conectam e impactam diretamente em nossos hábitos e comportamento. As crianças não aprendem matemática para serem matemáticos, por exemplo. Elas aprendem pois isso está presente em diferentes lugares. Diante de um cenário no qual a tecnologia é um fator fundamental, a programação se torna um conhecimento tão essencial quanto aprender a ler e escrever. Na verdade, é uma forma de se alfabetizar no ambiente digital. É deixar de ser somente um usuário e entender o que está “por trás da tela”, compreender e capacitar as pessoas para que possam criar suas próprias tecnologias. Em um primeiro momento, pode parecer algo complicado, mas existe todo um conteúdo adaptado para que crianças possam aprender programação e robótica de uma forma lúdica, gamificada e estimulante. Se todos podem aprender a ler e escrever, por que não poderiam aprender a programar? No ambiente de trabalho, cada vez mais exigem conhecimentos em programação, e não só para alguém da área de TI, mas também em engenharia, medicina, administração, por exemplo. Quanto antes a criança aprender a programar, além de ser mais fácil para absorver o conteúdo, mais preparada ela estará para o mercado de trabalho e para o futuro. Aprender programação desenvolve diferentes habilidades, como raciocínio, pensamento lógico e resolução de problemas, por exemplo. Dominar essa linguagem será necessário para lidar com os desafios de diferentes contextos. Quem cria a tecnologia são as pessoas. E tudo que é desenvolvido é justamente para facilitar e melhorar a vida das pessoas também. Aprender a programar é solucionar problemas reais e utilizá-la como meio de evolução.
Como são as aulas? Qual metodologia e o que é ensinado a elas?
Cássia: Na SuperGeeks temos aulas para crianças e adolescentes a partir de 5 anos. Nosso curso completo possui uma trilha de mais de 3 anos, no qual a criança aprende desde o básico, com a lógica da programação até o avançado, criando seus próprios games, aplicativos, sistemas e robôs. As aulas desenvolvem benefícios como raciocínio, língua inglesa, domínio da tecnologia, foco, concentração, resolução de problemas, autoconfiança e criatividade. As aulas ocorrem em grupo, estimulando a interação entre os alunos e contam com uma metodologia exclusiva de game learning (aprendizado baseado em jogos), gamificação, empreendedorismo, utilização de softwares, linguagens profissionais e acompanhamento pedagógico individualizado. O material desenvolvido é atualizado constantemente e preparado por profissionais da área.
De onde surgiu a necessidade de criar uma escola com esse foco?
Cássia: A SuperGeeks é a primeira escola de programação e robótica que surgiu no Brasil. Em 2013, época em que os fundadores estavam no Vale do Silício, muitas personalidades comentavam sobre a importância da programação para crianças: Barack Obama, Steve Jobs, Mark Zuckerberg e Jack Dorsey. Inclusive, em alguns países europeus a programação já faz parte da grade do currículo escolar. Em paralelo, o mercado de trabalho da área vem crescendo cada vez mais, e como contraponto, o número de profissionais qualificados é baixo. Sabendo que naquele momento pouco se falava sobre Ciência da Computação no Brasil para crianças, os fundadores Marco Giroto (programador) e Vanessa Ban (professora), viram uma oportunidade que traria um grande benefício para a sociedade e à nova geração. Foi mais de um ano de pesquisa e desenvolvimento até concluírem um modelo ideal de ensino ao público infantojuvenil, alinhado ao perfil comportamental e de aprendizagem dessa geração, e envolvendo a “ciência dos dias atuais”, conectada e integrada com a tecnologia.
Você assumiu recentemente o cargo de CEO da empresa. Quais são os seus planos para a SuperGeeks?
Cássia: Estou na SuperGeeks desde o início, então fazer parte dessa história é algo muito gratificante: acompanhar o crescimento da empresa, a expansão com franquias e a formação dos alunos. Uma das principais preocupações é manter a qualidade dos cursos. Como trabalhamos com o sistema de franquia, também busco a expansão da marca de uma forma saudável. Muito mais do que ter uma nova unidade, é alinhar expectativas entre o que a empresa e o candidato buscam, em conjunto. Em paralelo, também priorizar o crescimento das franquias atuais e toda a equipe, por meio de melhorias nas áreas de apoio, comercial, parcerias, treinamentos e condições que permitam sua perenidade e desenvolvimento.
Indo num sentido um pouco diferente da maioria das empresas de TI, os cargos de liderança da SuperGeeks são exercidos por mulheres. Como isso influencia na operação da empresa?
Cássia: Como uma das fundadoras é uma mulher, a figura feminina sempre esteve presente na SuperGeeks. Inclusive, na própria rede, cerca de 50% das franquias são comandadas por mulheres. Para nós, ter mulheres na liderança é uma situação que faz parte do dia a dia e contribui, positivamente, em estimular ambientes mais igualitários, principalmente na área de tecnologia, no qual o número de homens é muito maior do que o das mulheres. Quando falamos de tecnologia, todos utilizam e todos podem criar, indiferente de ser homem ou mulher. Inclusive, ter mulheres na área auxilia na criação de produtos que são direcionados a esse público, contribuindo assim com o próprio intuito do avanço socioeconômico, afinal, a tecnologia é feita para pessoas. Contar com figuras femininas em cargos de liderança pode servir como incentivo para que nossas jovens alunas vejam que elas podem ser o que quiserem. Vale lembrar que o ambiente educacional, principalmente do ensino básico, a predominância é de mulheres, sejam elas diretoras, coordenadoras e professoras.
Quais os planos da empresa para este ano?
Cássia: A pandemia mostrou para muitos pais e alunos que é possível sim aprender de forma divertida e com cursos de qualidade, mesmo estando em casa, remotamente. Isso faz com que o número de clientes aumente, pois agora conseguimos atingir alunos de todo o mundo, falantes da língua portuguesa, ou seja, agora não temos mais barreiras físicas. Com isso, também foi possível lançar uma nova modalidade de microfranquia na qual os franqueados conseguem atender de forma home-based, vender e ministrar nossos cursos de forma online, sem a necessidade de uma estrutura física. Além disso, um dos nossos cursos, o MasterGeeks, está em processo de aprovação pelo Ministério da Educação para se transformar em curso técnico. Este mesmo curso já está sendo fechado com colégios para fazer parte do itinerário formativo do novo ensino médio, que começa a ser obrigatório no próximo ano. Com o curso, ainda conseguimos já atender alunos adultos e principalmente, aqueles adultos que não conhecem nada de programação. Boa parte das escolas de programação para adultos são focadas em pessoas que já são da área. Na SuperGeeks, ensinamos adultos que podem ou não ser da área. Para 2023, estamos entrando no mercado americano com uma unidade piloto na Flórida, e a partir dali, também iniciar expansão por franquias. Já estamos traduzindo e internacionalizando parte do nosso conteúdo e material didático.