Já faz alguns anos que as empresas cultivam uma preocupação genuína em diminuir a desigualdade de gênero em seu quadro de funcionários, apesar do desafio latente de traduzir de forma efetiva as boas intenções em ações afirmativas.
Tal cenário dá indícios de evolução, com o crescimento do engajamento das companhias brasileiras em ações afirmativas para a diversidade de gênero no último ano.
É o que indicam os resultados da 19ª edição do Índice de Confiança Robert Half, elaborada com base na percepção de 774 recrutadores e profissionais.
Segundo a pesquisa, 55% dos recrutadores declaram que a sua empresa adota políticas claras para promover a igualdade de gênero no ambiente corporativo. No último levantamento, ficou abaixo de 40%, o que indica um avanço considerável das organizações.
Acompanhando a tendência e demonstrando alinhamento entre empresas e colaboradores, 56% dos profissionais entrevistados reconhecem que as empresas para as quais trabalham contam com ações de combate à desigualdade de gênero.
Principais benefícios da igualdade de gênero no ambiente de trabalho:
PARA EMPRESAS | PARA PROFISSIONAIS |
1) Pensamento mais diverso | 1) Pensamento mais diverso |
2) Melhora no clima corporativo | 2) Melhora no clima corporativo |
3) Aumenta a motivação e melhora o engajamento | 3) Fortalecimento da política de atração de candidatos que valorizam a diversidade |
“Um ponto interessante é que, ao refletir sobre os benefícios da igualdade de gênero no ambiente de trabalho, o pensamento diverso e a melhora no clima corporativo ocupam o mesmo grau de importância, tanto para empresas quanto para profissionais. Contudo, é importante destacar que, para profissionais, o tema é um forte fator de atração de talentos, ou seja, fortalece a percepção de que a companhia é um bom empregador. Em um contexto de mercado no qual os talentos estão cada vez mais disputados, a igualdade de gênero, entre outras ações afirmativas de diversidade e inclusão, assume um papel fundamental na guerra por talentos. As empresas que não se atentarem à questão deixarão escapar profissionais-chave e, consequentemente, um pensamento mais diverso em sua estratégia de negócios”, afirma Débora Ribeiro, gerente de parcerias estratégicas da Robert Half.
RECEIO DE NEGOCIAR AFETA MAIS MULHERES
Os dados revelam que apenas 34% dos 387 profissionais entrevistados buscaram negociar promoções ou aumentos salariais no último ano. A questão, desafiadora para ambos os gêneros, aparenta ser ainda mais crítica entre as mulheres.
Na percepção de 52% dos recrutadores, homens tendem a pedir mais promoções e a negociar mais os salários, na comparação com as mulheres. Ao analisar apenas as respostas das recrutadoras do gênero feminino, esse índice alcança significativos 75%.
AUMENTO DA REPRESENTATIVIDADE FEMININA EM CARGOS DE GESTÃO
De acordo com 73% dos recrutadores, nos últimos 3 anos, houve um aumento de participação das mulheres em cargos de gestão. Do lado dos profissionais, 69% disseram que, no mesmo período, enxergaram uma maior representatividade de mulheres líderes nas empresas em que atuam.
“Ainda há um longo caminho pela frente. É imprescindível ter em mente que o recrutamento é apenas a porta de entrada que as mulheres têm para começar a galgar espaço nas empresas”, complementa.
A sondagem ainda apresenta alguns dados complementares a respeito do panorama geral da temática de diversidade, equidade e inclusão nas organizações:
- Conforme 61% dos recrutadores, as empresas em que trabalham vêm promovendo mudanças para desenvolver iniciativas do tema.
- As principais ações para fomento da temática envolvem: eventos e palestras (59%), treinamentos para apoiar o avanço na carreira de grupos minorizados (45%) e organização de grupos de discussão/comitês (43%).
- Em relação aos processos de recrutamento, apenas 40% das empresas afirmaram ter realizado alterações para garantir maior diversidade e inclusão nas contratações. A principal iniciativa, de acordo com os recrutadores, foi a adaptação dos anúncios de emprego, para atrair talentos mais diversos.