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Educação antirracista é um importante mecanismo para enfrentar o racismo estrutural

Foto: divulgação.

Por Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação 1 Bi.

Em janeiro de 2003, tornava-se obrigatória a inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira no currículo escolar do Ensino Fundamental e Médio, em escolas públicas e particulares do país. A Lei 10.639 alterava a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) ao entender a necessidade de incorporar a contribuição do povo negro na formação da sociedade brasileira. 

Diferentemente da ênfase eurocêntrica que sempre dominou os livros didáticos – nos quais, por anos, a história de mulheres e homens negros pareceu ter seu prefácio escrito apenas durante o período colonial, com a escravização do povo africano – a determinação de 2003 se somou a outras políticas públicas voltadas à valorização da África, de seus descendentes, cultura e feitos.

Recentemente dados levantados, apontam que a realização de atividades anti racistas extracurriculares está em queda nos colégios do Brasil, sendo mais crítico o cenário no Piauí, Roraima, Amazonas, Maranhão e Amapá.

Infelizmente não há instrumentos ou pesquisas que avaliem o cumprimento da base curricular em sala de aula, esses levantamentos preliminares podem ter várias leituras, desde os educadores não utilizarem os materiais disponibilizados,  até não receberem formações suficientes para seguirem com a pauta ou optarem por lecionarem as matérias principais, devido a sobrecarga.

Este tema é extremamente importante dentro dos ambientes de ensino, já que este está no topo da lista de locais onde os brasileiros afirmam sofrer violência racial. 

Só em São Paulo, por exemplo no ano de 2023, as denúncias de discriminação em escolas estaduais registradas somente neste ano passaram de 3 mil e incluem relatos de crianças sendo chamadas de “escravo”, “macaco” e “urubu”.

Muitos jovens em especial negros e periféricos, abandonam a escola por não se sentirem pertencentes a ela, se pensramos em uma educação que enfrente este racismo estrutural, a escola ajuda a criar narrativas e valorização.

Eu como criança negra, desde que me compreendo por que a gente sempre soube da minha cor, mas e as crianças brancas? Para mim uma educação aintrracista passa por isso, que desde cedo todas as crianças entendem suas origens, histórias e privilégios, conquistados em cima de outro povo, reflete Kelly Baptista.

O que podemos fazer?

Para 2024, a Fundação 1 Bi prevê a elaboração de materiais pedagógicos para apoiar professores de escolas públicas a implementar a Lei 10.639 e  11.645 em suas aulas.

O projeto “Educação para Equidade” nasce com a proposta de apoiar os professores na implementação das leis 10.639 e 11.645. Por meio da elaboração de conteúdos pedagógicos, ofereceremos materiais desenvolvidos de maneira transversal e interdisciplinar, integrando a história e cultura indígena e afro-brasileira às diferentes áreas do conhecimento. Além disso, investiremos na formação continuada dos docentes, para que se apropriem das práticas pedagógicas, se sintam seguros e amparados para implementar os materiais em suas aulas, relata Bianca Silva coordenadora de inovação e idealizadora do projeto..

O envolvimento das famílias com as rotinas da escola é muito importante para o fortalecimento de um ensino antirracista. Quando se fala de educação, os ambientes escolar e doméstico se complementam e, por isso, quanto mais envolvidos com o dia a dia dos jovens, mais benefícios todos colhem, para além de criarmos agendas que antirracistas que questionem o racismo estrutural, o privilégio branco, precisamos ter agendas efetivas públicas, obrigatórias e acompanhadas de enfrentamento ao racismo.

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