Por Carla Moussalli e Márcia Cunha, fundadoras da Plenapausa.
A busca pelo equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é um desafio enfrentado por muitas mulheres, especialmente aquelas que são mães. Essa conciliação nem sempre é fácil e pode ser marcada por diversos obstáculos que impactam diretamente a vida delas e suas famílias. Cerca de 87% das empreendedoras têm como principal motivação para abrir o próprio negócio e buscar independência financeira o desejo de ter mais tempo em casa, de acordo com uma pesquisa da Rede Mulher Empreendedora (RME). Essa é uma tendência que tem crescido muito nos últimos anos, conforme dados do Sebrae, que mostram que mais de 10,1 milhões das empresas no Brasil tem lideranças femininas, sendo que 52% delas são mães.
Um dos principais obstáculos é a falta de políticas de licença-maternidade e paternidade adequadas. Muitas vezes, as mulheres são obrigadas a retornar ao trabalho precocemente, o que pode causar estresse, ansiedade e até mesmo comprometer o vínculo com a criança. Além disso, a ausência de licenças paternidade mais longas contribui não apenas para sobrecarregá-las, mas também para perpetuar a desigualdade de gênero.
E já que o assunto é equidade, de acordo com uma pesquisa do Boston Consulting Group, a redução da disparidade de gênero no mundo empresarial pode resultar em um aumento de até US$ 5 trilhões no PIB global. Uma possível explicação para esse significativo aumento é que os homens têm de 4% a 6% mais probabilidade de iniciar seus próprios negócios. O empreendedorismo feminino não apenas tem o potencial de impulsionar a economia do mundo, mas também traz uma série de benefícios adicionais. Logo, com mais empreendedoras, surgem novas ideias, serviços e produtos no mercado, contribuindo para uma maior diversidade e inovação no cenário empresarial.
Outro desafio é a falta de flexibilidade no ambiente de trabalho. Muitas mulheres se veem presas em ambientes que não oferecem opções de trabalho remoto ou horários flexíveis, tornando difícil conciliar os cuidados com os filhos e as demandas profissionais. Isso as coloca em uma posição vulnerável, muitas vezes sendo forçadas a fazer escolhas difíceis entre carreira e família.
A disparidade salarial também é um grande obstáculo. As mães, frequentemente, enfrentam discriminação no mundo corporativo, sendo subvalorizadas e recebendo salários mais baixos do que seus colegas masculinos ou mulheres sem filhos. Essa questão contribui para a perpetuação de desigualdades econômicas e dificulta ainda mais a independência financeira delas.
Além disso, a falta de apoio na divisão equitativa das responsabilidades domésticas e parentais também é um desafio significativo. Muitas mulheres enfrentam o peso da dupla jornada, tendo que equilibrar o trabalho remunerado com as tarefas de cuidado da casa e dos filhos, enquanto seus parceiros muitas vezes não compartilham igualmente essa carga.
Para superar esses desafios, é crucial que haja políticas e programas que promovam a igualdade de gênero, a flexibilidade no trabalho e o apoio à maternidade. As organizações precisam adotar medidas que reconheçam e valorizem as contribuições das mães no local de trabalho, proporcionando um ambiente inclusivo e apoiador. É fundamental que haja uma mudança cultural que valorize o trabalho não remunerado das mulheres e promova uma verdadeira divisão equitativa das responsabilidades familiares entre homens e mulheres. Somente assim poderemos construir uma sociedade mais justa e igualitária para todas as mulheres e suas famílias.