Por Antonio Wrobleski, presidente da BBM Logística.
Muito se fala no crescimento do setor logístico no Brasil, mas é impossível, pelo menos sob uma perspectiva de negócios, falar sobre um salto do segmetno sem abordar a importância da formalização do mercado de trabalho.
O assunto parece não estar mais em voga pela falta de novidade que o assunto nos traz, mas é observado a importância de se falar dos benefícios do registro profissional CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) significativos trazidos para os trabalhadores.
A CLT não é apenas uma exigência legal, mas, sim, uma demonstração da garantia de construção de um ambiente de trabalho justo, seguro e próspero para todos os envolvidos dentro de uma organização.
No ano passado, o Brasil superou a marca de um milhão de empregos com carteira assinada em seis meses, segundo dados do Governo Federal divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Ainda nessa leva otimista, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no trimestre encerrado em janeiro deste ano foi de 7,6%, sendo que esse número está abaixo do que foi apresentado no trimestre encerrado em janeiro do ano anterior (momento em que foi percebido 8,4% nessa mesma taxa).
E o que isso impacta no mercado de logística?
Os números do setor apontam um cenário positivo. O mercado de logística deve alcançar R$ 27 bilhões neste ano, sendo que, em território nacional, esse crescimento pode estar acima dos 50%.
Segundo análise realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), estima-se que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro continue elevado neste ano, na casa dos 2%. Além disso, a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) mostrou que o setor privado planeja investir cerca de R$ 124,3 bilhões em transporte e logística entre 2022 e 2026.
É fato que, desde a pandemia de Covid-19, a indústria está estagnada, principalmente os setores varejistas e petroquímicos, que vivem resquícios dessa pandemia que completa quatro anos desde o seu começo, e que já se debruça sobre outra possível pandemia que é o surto de dengue que vivemos. Porém, a expectativa é que a indústria retorne ainda esse ano, tanto pelo aumento do PIB, apontado acima, como pela redução da taxa de juros também apresentada pelo IPEA.
Tudo isso nos leva a crer que: 2024 será um ano diferente. E com oportunidades. Há um mundo lá fora que mostra a existência de um potencial interno de crescimento expressivo, e não apenas no e-commerce. E, se o mercado “está falando”, e os profissionais se preparando, é preciso construir, imediatamente, diretrizes para isso a partir da seguinte fórmula: emprego consciente e CLT como obrigação.
Quando você oferece ao trabalhador um lugar dentro de uma empresa, inserida em um mercado promissor, e disponibiliza um registro com diversos benefícios, há um impacto direto não apenas ao trabalhador registrado, mas a toda rede de apoio a qual aquele trabalhador está conectado, e isso cascateado nos mais diversos âmbitos: finanças, saúde, lazer, alimentação, qualidade de vida, e assim por diante.
O avanço contínuo no mercado de logística está intrinsecamente ligado à necessidade de garantir a formalização do trabalho, por meio da assinatura da carteira dos trabalhadores.
Ao adotar práticas que promovem a regularização laboral, as empresas não apenas cumprem com suas responsabilidades legais, mas também fortalecem a confiança e a segurança dos colaboradores, criando um ambiente propício para o desenvolvimento sustentável do setor. Esse compromisso com a formalização não apenas beneficia os trabalhadores individualmente, mas também contribui para o crescimento e a estabilidade do mercado de logística como um todo.
Portanto, ainda que as expectativas estejam acima da média e que o mercado e economia nos mostrem um caminho promissor até o final deste ano, a proposta da vez está na mão de cada empresa, dentro e fora da logística: vamos parar de falar sobre o trabalho formal?