Por Felipe Bittencourt e André Lara, da WayCarbon.
Segundo o Banco Mundial, cerca de 80% do PIB mundial é gerado nas cidades, consequentemente, nelas também são consumidos dois terços da energia global, o que gera grande parte das emissões de gases de efeito estufa (GEE) para a atmosfera.
Além disso, dados do Programa de Assistência à Gestão do Setor Energético, indicam que as cidades estão sofrendo um aumento de temperatura a uma taxa duas vezes maior que a média global devido ao efeito das ilhas de calor urbano.
Esse contexto traz as cidades e o processo de urbanização para o foco das atenções pelos impactos que causam, e que sofrerão, em relação à mudança climática, especialmente as populações mais vulneráveis.
Nesse cenário, o sucesso do combate à crise climática também passa por um olhar atento sobre o processo de construção civil.
De acordo com dados do World Economic Forum (2022), cerca de 70% das emissões dos edifícios são operacionais (aquecimento, ventilação, ar-condicionado, iluminação, servidores de TI etc), enquanto os 30% restantes são emissões incorporadas, ou seja, carbono gerado pela fabricação de materiais de construção, a construção em si e mobiliário interno.
Para mitigar as emissões é fundamental tornar a cadeia da construção civil mais circular, se distanciando da lógica linear de produção, uso e descarte, promovendo a redução e reaproveitamento de resíduos, adotando soluções nos projetos que facilitem o retrofit e outras medidas que prolonguem a vida útil dos edifícios.
Um modelo mais circular para o ecossistema da Construção Civil tem o potencial de reduzir até 38% das emissões do setor até 2050.
Para as emissões operacionais dos edifícios, a redução pode vir através da adoção de tecnologias de automação predial, eletrodomésticos eficientes e fontes de energia renovável.
Já para as emissões incorporadas, uma boa prática é a parceria com os fornecedores dos insumos mais carbono intensivos, visando uma produção mais sustentável.
Dessa forma, é necessário que haja uma ação coordenada em todas as esferas da cadeia de construção civil, integração de critérios de sustentabilidade em políticas públicas e investimentos em inovação e pesquisa.
O contexto é desafiador, mas as empresas que se adaptarem terão vantagens competitivas e serão percebidas como agentes de mudança positiva.