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A metalinguagem da IA

Roberto Arruda, CRO da Skyone
Foto: divulgação

Por Roberto Arruda, CRO da Skyone.

Em um mundo onde a tecnologia molda cada vez mais nossa realidade, é crucial discutir os avanços e desafios da inteligência artificial, que promete revolucionar todas as esferas da sociedade.

Como executivo de TI, defendo que a inteligência artificial não é apenas uma tendência passageira, mas sim um elemento fundamental na transformação digital das organizações e na busca por soluções inovadoras e eficientes, assim como foi a internet no início dos anos 90.

Esse parágrafo acima está gramaticalmente correto e entrega uma ideia legítima sobre inteligência artificial. Ele poderia ter sido dito ou escrito por um profissional de TI, mas foi feito pelo Chat GPT.

Mais do que isso, esse parágrafo introdutório, totalmente feito por IA, trabalha no atacado, mas não no varejo, isto é, não sabe como é o meu cotidiano na empresa, tampouco tem acesso aos dados particulares sobre os quais me debruço diariamente.

O Chat GPT usa informações públicas para produzir conteúdo e esse é um dos seus trunfos. Essa expertise deve ser valorizada e, assim como tem ocorrido, usada à exaustão pela sociedade.

Costumo dizer que houve o despertar de uma nova era com essa ferramenta da OpenAI, com a inteligência artificial chegando à população por meio de um celular ou outro dispositivo móvel.

Não tenho dúvida ao afirmar que essa democratização foi revolucionária. Imagine que agora a IA está fazendo uso de um processamento e de um recurso computacional que o ser humano não tinha acesso individualmente. Esse cenário tem causado nas empresas um frisson.

É a primeira vez que vemos os C-levels indo (ou retornando?) para a cadeira de sala de aula, tentando entender o que precisam fazer.

Entretanto, para que a inteligência artificial e suas inúmeras aplicações nos atendam no lato sensu e igualmente no stricto sensu, precisamos, enquanto gestores, empreendedores e empresas, fazer o nosso dever de casa, antes mesmo de pesquisar essas soluções. O que muitas companhias não estão se dando conta é que cuidar de dados próprios é a prioridade zero nessa nova era.

Tais dados, isto é, informações que são “de casa”, e claro, em conformidade com a LGPD (L13709), nos garantem vantagens em relação àqueles que estão usando dados públicos, como é o caso do Chat GPT. Ao fazer uso desta personalização, podemos customizar praticamente tudo, inclusive o atendimento.

Consigo entregar para uma pessoa o que ela é, de fato, a partir do conteúdo que ela consome ou da forma a qual se posiciona – e não por meio de uma média ponderada obtida por uma segmentação etária, por exemplo.

Recentemente, participei de dois eventos do nosso setor, o CIO Brasil e o ERP Summit, nos quais pude debater esse tema, e suas respectivas sensibilidades, sendo que no primeiro a conversa se deu em atividades mais direcionadas com alta liderança e, no segundo caso, proferi uma palestra para engajar um público mais amplo a usar a nossa própria inteligência, com o perdão do trocadilho.

Zelar pelos dados requer estar atento à legislação, às peculiaridades de clientes e do mercado no qual estamos inseridos. Empregar esse “data” é benéfico para todos os públicos envolvidos na gestão de informações. Empresas como a Amazon já fazem essa gerência há muito tempo.

A Netflix emprega essa personificação a partir das nossas preferências e não é por acaso. No entanto, essa inteligência de dados cruzada com IA não acontece em pequena escala.

A meu ver como gestor e estrategista, a lógica tem que ser invertida: primeiro, os dados; depois, a IA. Precisa-se de uma arquitetura sistêmica que olhe para essa situação.

Além do uso inteligente, é preciso que a datalake esteja segura e hospedada na nuvem, assegurando governança e ética, algo que pode ser logrado por meio da gestão própria das informações dos nossos clientes.

Hoje cedo, quando tirei um expresso na máquina e sentei para escrever esse artigo, cheguei a uma conclusão: empresas que estiverem usando o chat GPT terão respostas muito semelhantes.

O que vai nos diferenciar é a forma que gerimos os nossos dados. É essa a diferença, inclusive, entre o primeiro e o último parágrafo deste texto.

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