Por Wana Schulze, gerente de investimentos e portfólio na Wayra Brasil e Vivo Ventures.
Identificar um gap de mercado, desenvolver um modelo de negócio para saná-lo, captar recursos e provar sua tese ao mercado, com retorno financeiro e lucratividade. Esse é o sonho de qualquer fundador de startup, mas a realidade deste mercado ainda é distante do desejado.
Com a maioria dos negócios operando por anos em prejuízo, mais de dois terços delas fecham antes de completar 20 meses no país, segundo cálculo da Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
Seja por falta de demanda viável, problemas de financiamento, má gestão do capital ou incapacidade em gerar receita suficiente para cobrir os custos operacionais, muitos podem ser os empecilhos para que uma startup alcance o equilíbrio financeiro ideal.
Muitas vezes há falhas na liderança, falta de experiência gerencial ou conflitos internos que podem levar ao fracasso. Traçar um caminho com um plano de ação é a melhor forma de garantir que o negócio tenha saúde financeira e alcance o breakeven, quando custos e despesas se igualam à receita.
Criar um plano de negócios é fundamental para o passo a passo da jornada da startup. Embora seja uma tarefa desafiadora, especialmente quando se é a primeira vez que alguém decide empreender, é de extrema importância, planejar os caminhos que se pretende seguir para atingir os resultados estimados, com metas claras.
Ter um objetivo claro e entender quem serão seus concorrentes e fornecedores te coloca alguns passos à frente. É preciso definir e estudar quem será o público-alvo do negócio e qual proposta de valor e diferencial de mercado a startup pode oferecer.
Aprimorar o MVP (Minimum Viable Product) também é indispensável para crescer. Criar uma versão mais simples de um produto ou serviço com o mínimo de recursos possíveis contribuirá para que os investidores de capital de risco entendam a proposta de valor da solução desenvolvida, despertando interesse para investir.
Além de fundos de Venture Capital, o mercado conta com outras opções como investidores anjo e captação de recursos via plataformas de crowdfunding.
Outro ponto relevante é o de construir um bom pitch para convencer possíveis investidores sobre a lucratividade e importância do negócio. Para isso, é imprescindível começar explicando qual problema será resolvido e de que maneira a startup pretende fazer isso, indicando o estágio de maturação da iniciativa e projeções para o futuro.
Por fim, após a captação, é preciso manter o foco em seu objetivo principal com estratégias de marketing para atrair mais clientes, realizar um planejamento financeiro que atenda projeções, lançar novos produtos ou serviços, expandir para novos mercados, gerenciar o caixa para prováveis custos adicionais e traçar diferentes cenários.
Se necessário, o empreendedor deve reavaliar e ajustar o negócio para garantir que ele seja sustentável a longo prazo. Isso pode envolver a mudança para um modelo de assinatura, a oferta de serviços adicionais ou a alteração do público-alvo.
Também é importante, buscar financiamento adicional por meio de investidores, empréstimos ou programas de aceleração para impulsionar o crescimento, além de acompanhar de perto métricas como CAC (Custo de Aquisição de Cliente), LTV (Valor Vitalício do Cliente) e MRR (Receita Recorrente Mensal).
Trilhando este caminho, aumenta-se as chances de atingir o equilíbrio financeiro, alcançando o tão sonhado breakeven, e assim escalar o negócio.