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Aliados na gestão de ativos, robôs ajudam a revitalizar indústria brasileira

Adrian Covi
Foto: divulgação

Por Adrian Covi, gerente de robótica para indústrias da ABB Brasil.

Para as empresas industriais, a manutenção de ativos é fundamental não apenas para garantir a continuidade das operações, mas também para maximizar a vida útil dos equipamentos e reduzir custos operacionais.

No entanto, tradicionalmente, a manutenção enfrenta desafios como paradas não planejadas, custos elevados e a complexidade de gerenciar grandes volumes de dados de desempenho de máquinas.

No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos (Abraman), os custos com manutenção nas indústrias podem chegar a 5% da receita total.

Globalmente, mais de dois terços das empresas do setor industrial sofrem paradas não planejadas mensalmente, custando cerca de US$ 125.000 por hora, revela a pesquisa “Value of Reliability” da ABB, conduzida pela Sapio Research de 2023, com 3.215 tomadores de decisão da área de manutenção de plantas de diversos segmentos.

Os resultados do estudo reforçam a importância da confiabilidade e manutenção do equipamento. Segundo o levantamento, 92% relataram que a manutenção aumentou o tempo de operação no último ano, sendo que 38% indicaram uma melhoria de pelo menos um quarto.

A indústria moderna está testemunhando uma transformação sem precedentes impulsionada pela automação e pela inteligência artificial. Uma das áreas que vem sendo cada vez mais impactadas é a manutenção de ativos industriais, onde robôs equipados com tecnologias avançadas estão redefinindo processos e elevando os padrões de eficiência e segurança.

Robôs com sensores avançados e inteligência artificial estão revolucionando a manutenção industrial. Um bom exemplo é o Conveyor Roller Inspection Services (CRIS), desenvolvido no Brasil, para automatizar a manutenção de correias transportadoras de minerais.

Equipado com câmeras térmicas e sensores, o CRIS inspeciona os roletes das esteiras para prevenir desgastes e paradas não programadas. O robô percorre trilhos próximos às esteiras, analisando os roletes em busca de sinais de aquecimento e ruídos. Com esses dados, o software prevê quando a substituição dos componentes é necessária, evitando paradas não planejadas e interrupções na operação.

A integração de robôs como o CRIS com sistemas de gestão de manutenção assistida por computador (CMMS) e IoT cria um ecossistema inteligente e eficiente. Eles atuam como sensores móveis, coletando dados de desempenho e condição dos ativos, auxiliando na tomada de decisões estratégicas. Equipados com sensores IoT, esses robôs monitoram continuamente o estado de máquinas e infraestrutura. Esses dados são processados por algoritmos de aprendizado de máquina, que preveem falhas e sugerem ações corretivas.

A adoção de robôs na manutenção e gestão de ativos oferece benefícios como redução de custos, aumento da segurança, melhoria na qualidade das inspeções, otimização de recursos e decisões baseadas em dados. Ao mesmo tempo, a própria aplicação da robótica para automação de atividades e processos em geral na indústria já garante a gestão e a manutenção de ativos mais eficientes.

Um fator importante para aumentar a vida útil dos ativos é o planejamento. Isso envolve programar paradas para manutenção preventiva e corretiva, além de garantir que a máquina opere conforme o planejado, sem interrupções inesperadas.

E essa é uma das vantagens de trabalhar com processos robotizados. A repetibilidade do processo e o tempo de dimensionamento estabelecidos durante a fase de desenvolvimento garantem que o processo opere de acordo com a cadência planejada. Isso não apenas beneficia as células robotizadas, mas também otimiza a vida útil das máquinas no processo que operam antes e depois do robô.

Além disso, o monitoramento de falhas pode ser realizado por sistemas de visão. Soluções robotizadas possuem recursos como scanner de área, que para o robô ao detectar outro se aproximando, evitando colisões e integrando segurança.

No setor de logística, por exemplo, robôs autônomos navegam em armazéns, identificando e catalogando peças, otimizando o gerenciamento de inventário e reduzindo o tempo de inatividade causado pela falta de peças.

Na indústria automotiva, robôs são usados para tarefas perigosas como soldagem e pintura, reduzindo riscos de acidentes. Em processos de pintura robotizada, a consistência e alta qualidade reduzem peças rejeitadas e minimizam o consumo de tinta. Em soldagem, a precisão e repetibilidade são vantagens distintivas.

Robôs estão redefinindo a manutenção e gestão de ativos, oferecendo uma nova era de eficiência e segurança para as indústrias.

No entanto, a implementação de robôs apresenta desafios como integração com sistemas existentes e investimentos iniciais. A adoção deve crescer com o avanço da tecnologia e a diminuição dos custos, levando a uma colaboração estreita entre humanos e robôs.

Com capacidade de realizar inspeções detalhadas, executar reparos precisos e integrar-se com sistemas de gestão avançados, os robôs são parceiros estratégicos na operação industrial, contribuindo para a revitalização da indústria brasileira e impulsionando a competitividade no cenário global.

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