Por Ariel Salles, vice-presidente de tecnologia e CTO da Avivatec.
O mercado de Open Finance deve passar por mudanças expressivas no próximo ano. A nova regulamentação, anunciada pelo Banco Central e pelo Conselho Monetário Nacional, entrará em vigor em janeiro de 2025 e promete redefinir os critérios de participação das empresas, além de facilitar o avanço do Pix por aproximação.
Essas novas regras, estabelecidas pela Resolução Conjunta nº 10 e outros estatutos, visam criar um ambiente mais dinâmico e acessível, ampliando as oportunidades para consumidores e negócios, além de promover uma integração mais eficiente dos serviços financeiros.
Por ser uma ferramenta amplamente usada pelos brasileiros, esse avanço na regulamentação é um passo importante para facilitar ainda mais a vida econômica da população.
Para se ter uma ideia, de acordo com informações do Banco Central, o Pix bateu um novo recorde de transações esse ano, totalizando mais de R$ 227 milhões movimentados em um único dia.
Além disso, dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostram que as instituições já investiram mais de R$ 2 bilhões no projeto de Open Finance. Como resultado, o número de pessoas que aderiram ao sistema cresceu consideravelmente: até janeiro deste ano, foram registrados 42 milhões de consentimentos para compartilhamento de dados, o dobro dos 21 milhões registrados no mesmo período de 2023.
A partir do próximo ano, com as novas diretrizes, a tendência é que diversos serviços financeiros estejam ainda mais integrados ao projeto, proporcionando um sistema mais robusto e eficiente. Ademais, a nova fase vai ampliar o número de instituições que participam do sistema bancário aberto, assim, como facilitar o compartilhamento de serviços de iniciação de pagamento via Pix.
Isso porque instituições com mais de cinco milhões de clientes e aquelas que já participam voluntariamente do ecossistema financeiro aberto serão obrigadas a aderir ao sistema após dois trimestres. A expectativa é que o movimento amplie o ambiente regulatório, aumentando a competitividade e tornando o mercado mais dinâmico.
Nesse cenário, novos setores, como seguradoras, previdência, câmbio e investimentos, também serão incluídos no Open Finance, oferecendo mais opções e serviços personalizados para os consumidores, que terão maior controle sobre seus dados e poderão compartilhá-los com diversas instituições para receber ofertas adequadas às suas necessidades.
Além disso, a gestão do consentimento dos consumidores será simplificada, permitindo que as pessoas tenham controle total sobre quais dados estão sendo compartilhados e com quem. Esse fortalecimento dos protocolos de segurança é essencial para aumentar a confiança dos consumidores e incentivar sua adesão ao sistema.
Conforme o escopo do projeto é ampliado, o fortalecimento da segurança se torna uma prioridade. Segundo a Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária, as instituições financeiras brasileiras investem cerca de 10% do orçamento de tecnologia em segurança atualmente, que é o equivalente a R$ 3,5 bilhões. A expectativa é que com a adoção de tecnologias mais robustas, como criptografia e autenticação avançada, o compartilhamento de dados seja feito de maneira segura e transparente.
As vantagens são incontáveis. Ao estabelecer padrões unificados de API, a regulamentação facilitará a integração entre bancos, fintechs e outras instituições financeiras, simplificando operações transnacionais e alinhando o país às melhores práticas globais.
Além disso, o Banco Central vai lançar campanhas de conscientização para educar os consumidores sobre os benefícios, como maior transparência e controle no compartilhamento de dados.
Outro ponto importante é que os sandboxes regulatórios, que são ambientes onde o órgão regulador permite que empresas operem com regras diferentes das demais por um período determinado, incentivam a inovação ao possibilitar o teste de novas tecnologias.
Segundo dados do Banco do Brasil, 90% dos clientes que compartilharam dados obtiveram vantagens, com 77% recebendo ofertas personalizadas e 13% usufruindo de atualizações automáticas.
As mudanças previstas para o próximo ano têm o potencial de reconfigurar o sistema financeiro brasileiro, mas isso dependerá da capacidade das instituições de abraçar essa transformação. A era da personalização e da transparência chegou, e aqueles que se adaptarem rapidamente a essa nova realidade estarão à frente, prontos para liderar o caminho em um mercado mais dinâmico e competitivo.