Com a aproximação da Black Friday e seu grande volume de compras online, os condomínios residenciais enfrentam um desafio em termos de logística e segurança. Durante esse período, o número de encomendas entregues aos moradores aumenta significativamente, o que sobrecarrega portarias, áreas de armazenamento e o próprio fluxo de circulação nos prédios. Em novembro e dezembro (considere aqui também o Natal), há um crescimento no volume de entregas em condomínios mapeados de todo país, o que demanda uma atenção extra dos síndicos e equipes de portaria. Somente em e-commerce, por exemplo, a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM) prevê, durante este período, o alcance de R$ 11,63 bilhões em vendas, valor quase três vezes maior do que o registrado em uma semana comum de vendas on-line
O primeiro obstáculo que esse volume traz é o espaço. Nem todos os condomínios possuem uma área de armazenamento adequada para lidar com tantas encomendas, e o resultado pode ser uma portaria superlotada. Um acúmulo de encomendas pode aumentar o risco de extravios e até furtos, por isso, é indicado o registro, na própria portaria, das encomendas coletadas pelos moradores e que as áreas de depósito estejam sempre trancadas, com acesso restrito.
Além disso, o aumento de pacotes na portaria pode atrair pessoas mal-intencionadas. Orientar os moradores a retirarem suas encomendas rapidamente e a não deixarem itens expostos nas áreas comuns é uma medida simples, mas eficaz para evitar furtos.
Outro ponto que precisa de cautela é a função da equipe de portaria. Em muitos condomínios o recebimento de encomendas tem se tornado parte da rotina dessas equipes, é importante lembrar que o treinamento de como realizar o recebimento e entrega das encomendas aos inquilinos é necessário, principalmente nesta época do ano, em alguns casos pode até ser necessária a contratação de profissionais temporários ou específicos para cada função na área da portaria.
A lei não especifica a obrigatoriedade dos porteiros receberem encomendas. O artigo 22 da Lei nº 6538/79 diz apenas que os responsáveis do condomínio (sejam os administradores, os gerentes, os porteiros, zeladores ou empregados) são credenciados a receber objetos de correspondência endereçados a qualquer de suas unidades, respondendo pelo seu extravio ou violação. A função geral dos porteiros é definida no sentido de segurança e controle de acesso dos condomínios, e outras atividades são organizadas de acordo com as convenções coletivas de trabalho de cada região, além dos regulamentos internos dos condomínios. Portanto, ao ser informado da chegada de algum pacote na portaria, a melhor atitude do morador é buscá-lo quanto antes para não sobrecarregar o porteiro e liberar espaço para encomendas de vizinhos.
Nos períodos de alta demanda como a Black Friday, definir horários específicos para as entregas e esclarecer previamente quem está autorizado a receber os pacotes pode fazer toda a diferença na organização do condomínio. É possível, por exemplo, limitar as entregas de volumes grandes (como móveis e eletrodomésticos) ao horário comercial, evitando transtornos noturnos para os vizinhos.
É importante que todas essas regras sejam estabelecidas com antecedência, mas se não foram, não fique na espera do caos e convoque uma reunião para tratar do assunto. Uma vez resolvida a questão, é indicado que o síndico reforce as regras para os moradores quando o mês de novembro se inicia por meio de comunicados, seja por canais digitais como aplicativos, seja por avisos afixados em áreas comuns, como o elevador ou o quadro de avisos da portaria. Antecipar essas orientações ajuda a minimizar dúvidas e conflitos no condomínio.
A tecnologia pode ser uma grande aliada nesse processo ao permitir que a gestão das entregas seja feita por sistemas digitais. Existem aplicativos de gestão condominial que podem registrar cada entrega, notificar o destinatário automaticamente e documentar a retirada dos pacotes, ajudando no controle do fluxo de encomendas e otimizando o trabalho da equipe de portaria.
Vivemos em tempos de compras online. É essencial que a gestão do condomínio esteja preparada para responder à altura e garantir que a conveniência das compras digitais seja plenamente aproveitada, sem comprometer o funcionamento e a tranquilidade do condomínio.