Por Nayara Teixeira, diretora de produto e operações da Mapa HDS.
Prezar pelo bem-estar e saúde mental do trabalhador tem se tornado uma necessidade entre as empresas mundo afora. Afinal, um ambiente seguro e saudável coloca a saúde do profissional no centro das atenções, ajudando a reduzir os riscos de doenças físicas e emocionais e promovendo o seu bem-estar integral.
Ao priorizar a saúde emocional, as organizações criam um espaço onde os profissionais são valorizados, amparados e mentalmente saudáveis, o que impacta diretamente em sua qualidade de vida e desempenho no trabalho.
Consequentemente, esse cuidado fortalece a relação entre o trabalhador e a companhia, promovendo um clima de confiança e respeito, essencial para a construção de uma cultura organizacional saudável e sustentável.
Para se ter uma ideia, de acordo com o estudo “Mental Health in the Workplace”, divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para cada US$ 1 investido em ações que promovem melhorias na saúde e bem-estar mental dos trabalhadores, US$ 4 são percebidos em ganhos com o aumento da produtividade.
Diante desse contexto, mensurar dados de saúde emocional para transformar em KPIs (Key Performance Indicators, ou Indicadores-Chave de Desempenho, em tradução livre) de negócio ajuda as organizações não somente a valorizar seus profissionais, mas também a direcionar esforços para seu crescimento e sucesso a longo prazo, especialmente com a redução do turnover.
Nesse sentido, os KPIs podem trazer insights preciosos sobre o que pode ser melhorado e o que pode ser evitado em suas estratégias. Mas como mensurar esses dados? Esse processo envolve identificar, analisar e traduzir fatores psicossociais em métricas mensuráveis e acionáveis que podem direcionar as estratégias e decisões da instituição.
Ferramentas de testes de personalidade e inventários psicossociais permitem uma compreensão profunda sobre aspectos do indivíduo e também do contexto organizacional que pode impactar na saúde mental dos trabalhadores. Isso influencia diretamente na tomada de decisões, seja no processo de recrutamento, treinamento, desenvolvimento de equipes e em melhores condições de trabalho, por exemplo.
É necessário, assim, identificar e compreender sentimentos, expectativas e condições emocionais e organizacionais para então convertê-los em indicadores de performance que possam guiar a corporação em direção à melhoria contínua.
É importante reforçar que, sob o aspecto da empresa, adotar políticas de saúde emocional no trabalho resulta em índices positivos de produtividade, oriundos do incentivo ao bem-estar, equilíbrio e boa administração das relações interpessoais. Estes fatores, por sua vez, implicam na percepção de valor da empresa, na redução de conflitos e na retenção de talentos.
Com um diagnóstico detalhado e assertivo, é possível identificar fatores psicossociais que podem afetar o bem-estar dos colaboradores, fomentar o autoconhecimento e o desenvolvimento humano dentro das empresas, ajudando a criar espaços onde a saúde emocional é uma prioridade e as pessoas podem se sentir seguras e valorizadas, possibilitando um trabalho saudável e não precarizado.
Assim, com políticas de saúde e bem-estar mais eficazes e preventivas, as empresas conseguem desenvolver práticas que previnem o adoecimento e promovem a saúde emocional. Para se ter um parâmetro, segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros podem sofrer da chamada síndrome de burnout (distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema, relacionada ao trabalho).
Conectar aspectos de saúde emocional aos objetivos de negócio torna-se indispensável, visto que esses dados só se tornam KPIs úteis se forem alinhados aos propósitos da empresa. Com uma base sólida de informações, as instituições podem tomar decisões informadas e implementar ações preventivas ou corretivas. A partir daí, é possível criar estratégias para gerenciar e mitigar esses riscos, como promover uma cultura organizacional de apoio e diálogo aberto.
Por fim, após a coleta e transformação dos dados de saúde emocional em KPIs, é importante monitorá-los e analisá-los regularmente, identificando tendências emocionais e aprimorando a experiência do profissional dentro do ambiente corporativo.
Ao investir na saúde emocional dos profissionais, colocando-o em primeiro plano, os benefícios para as corporações surgem de forma natural, como o aumento da produtividade, a redução do absenteísmo e a retenção de talentos. Elas conseguem, ainda, prevenir acidentes e minimizar custos com afastamentos, mantendo um ambiente onde as pessoas podem crescer e se desenvolver plenamente.