Por Marcus Vinicius Melo, CEO da Sigma Infinity.
As Finanças Descentralizadas, ou DeFi, representam uma das mais significativas disrupções do setor financeiro das últimas décadas. Utilizando a tecnologia blockchain, o DeFi propõe um sistema financeiro aberto, transparente e acessível a todos, sem a necessidade de intermediários tradicionais, como bancos.
Acredito que seu futuro seja promissor porque beneficia muitas pessoas sem acesso a serviços financeiros no mundo. Especialmente em países em desenvolvimento, boa parte da população não tem acesso a contas bancárias por motivos como alta de tarifas, exigências burocráticas ou falta de infraestrutura. Segundo estimativas do Banco Mundial, cerca de 1,7 bilhão de pessoas no mundo ainda não têm acesso a serviços financeiros básicos.
Trata-se de um ecossistema de aplicações financeiras construídas sobre redes blockchain, o qual fornece serviços e produtos do mercado tradicional dentro do ambiente de criptoativos.
Essas aplicações permitem que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, realize diversas operações financeiras, como empréstimos, negociação de ativos e geração de rendimentos, de forma direta e peer-to-peer (P2P é um tipo de transação que ocorre diretamente entre os usuários, sem a intermediação de uma terceira parte).
As plataformas DeFi não são controladas por nenhuma entidade central, como um banco ou governo. Dessa forma, as decisões são tomadas de forma coletiva pelos participantes da rede e todas as transações são registradas em um blockchain público, garantindo total rastreabilidade e auditabilidade.
Benefícios
Qualquer pessoa com acesso à internet pode participar do ecossistema DeFi, eliminando os entraves dos sistemas financeiros tradicionais. É um sistema inovador, em constante evolução, dando origem a novos produtos e serviços financeiros que antes eram inimagináveis.
Outra vantagem é a democratização do acesso a serviços financeiros, pois permite que pessoas não bancarizadas ou sub-bancarizadas tenham acesso a serviços financeiros básicos, como empréstimos e pagamentos. Os custos intermediários são eliminados, resultando em taxas mais baixas aos usuários.
Segundo uma estimativa do Banco da Inglaterra, as finanças tradicionais gastam cerca de U$20B em processamento de comércio anualmente, enquanto poderia economizar até 80% dos custos de liquidação após o comércio ao utilizar a tecnologia de registro distribuído (DLT), e é assim que DeFi funciona.
Funciona para as criptomoedas?
O potencial de transformação do DeFi para as criptomoedas é enorme. À medida que a tecnologia amadurece e a regulamentação se torna mais clara, espera-se que o DeFi continue a crescer e a remodelar o setor financeiro, oferecendo serviços mais eficientes, transparentes e acessíveis a todos.
Existem desafios. Em função da volatidade, os preços das criptomoedas – a base do DeFi – podem gerar perdas significativas aos investidores, e a falta de regulamentação clara é capaz de gerar incertezas e riscos legais aos participantes do ecossistema. Como não há um intermediário, todos os riscos são individuais – e, em caso de perdas de senhas e dinheiro, não há para quem recorrer.
Essa disparidade destaca a importância do DeFi, que busca democratizar o acesso a serviços financeiros, permitindo que todos, independentemente de sua localização ou situação econômica, possam participar da economia global.