Por Ricardo Haag, headhunter e sócio da Wide Executive Search.
As transformações e imprevistos sempre moldaram a história da nossa sociedade. Guerras, novos governos e instabilidades econômicas são eventos constantes que, inevitavelmente, causam impactos diretos no mercado internacional e nas carreiras, especialmente, aqueles que ocupam cargos de liderança, como os C-Levels.
Porém, isso não significa que esses acontecimentos sejam mandatórios quanto ao futuro dos profissionais, afinal, diante de um jogo que muda a todo o momento, são os próprios jogadores que comandarão sua vitória ou não.
Utilizando o contexto da pandemia como referência, podemos notar casos opostos de empresas que acabaram sendo bastante impactadas com o isolamento social, e aquelas que tiveram uma notória prosperidade mesmo diante dessa adversidade.
No Brasil, as PMEs foram algumas das mais afetadas, com cerca de 99,8% das de menor porte que acabaram fechando suas portas na primeira onda da doença, segundo dados do IBGE.
Enquanto isso, o e-commerce nacional registrou um faturamento recorde em 2021, totalizando mais de R$ 161 bilhões, segundo um levantamento da Neotrust. As compras online potencializaram com a impossibilidade do comércio físico, fazendo com que as marcas que surfaram essa onda registrassem um desempenho extremamente positivo, apesar das dificuldades.
Mesmo diante da digitalização do mercado, contudo, o comércio presencial voltou a ganhar força pós-pandemia. Dados da HiPartners Capital & Work em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) mostraram que, somente no primeiro semestre de 2022, o faturamento das lojas físicas do país cresceu 22% em comparação a 2021.
A comparação acima evidencia como o cenário político e econômico é cíclico e dinâmico. Nada é para sempre e, mesmo frente a imprevistos que nenhuma empresa pode estar 100% preparada, como foi o caso da Covid-19, será a postura dos executivos nesta adaptação que ditará sua continuidade, ou não, no mercado, assim como a manutenção de seu destaque profissional nesta cadeira de tamanha importância para o desempenho corporativo.
Quando assumimos a responsabilidade do nosso sucesso, a chance de passar pelas turbulências é muito maior, sem gerar danos significativos em nossa carreira. Isso, na prática, dependerá de uma enorme capacidade de desaprender o que estamos acostumados, estando abertos a mudar e tomar atitudes que, nem sempre, agradarão a todos, mas que levarão como base nossos objetivos profissionais e ambições quanto ao futuro que cada um espera de si.
Reflita, então, criticamente acerca da realidade da empresa atual, se, diante ou não de um cenário externo adverso, ela ainda está correspondendo às suas aspirações de carreira. Se a resposta for negativa, pense, estrategicamente, qual o melhor caminho a seguir a partir disso, e qual tipo de empresa mais se encaixa em suas expectativas profissionais a longo prazo.
Mapeie riscos e alternativas e seja, acima de tudo, protagonista de sua jornada profissional, se movimentando ou não de setor. Nossas carreiras dependem, exclusivamente, de nós, mesmo diante de variáveis externas que não estão ao nosso total controle. Nem sempre, serão decisões fáceis, mas necessárias de serem tomadas com base em um alto grau de maturidade e capacidade de lidar com nossas emoções.
Ser um C-Level é, por vezes, uma carreia de solidão, com muitas decisões tomadas de maneira sozinha, com alto risco de darem certo ou não. Por isso, as jornadas desses executivos precisam ser escritas a lápis, de forma que possam ser apagadas e ajustadas estrategicamente, conforme as mudanças que o mercado nos conduz.