Por Kleber Piedade, CEO da Bondy.
Se há algo que a história corporativa ensina, é que o futuro sempre chega mais rápido do que se imagina. Em 2025, as empresas estarão em pleno movimento de adaptação às forças transformadoras do mercado, como a inteligência artificial, a busca incessante por eficiência e a evolução tecnológica. Contudo, um aspecto humanizado emerge como um diferencial estratégico: a experiência do colaborador.
Ao longo das últimas décadas, organizações focaram em processos, inovação e resultados financeiros. Esses pilares são fundamentais e representam a “força-motriz” do sistema, mas há um outro fator importante envolvido nessa equação. Dados da Gallup revelam que empresas com altos índices de engajamento dos colaboradores são 21% mais lucrativas, 17% mais produtivas e enfrentam 41% menos problemas de qualidade. Esses números mostram que a experiência do colaborador é uma oportunidade para se destacar em um ambiente altamente dinâmico.
O novo protagonista: Millennials e Gen Z
Com Millennials e Gen Z representando 75% da força de trabalho até 2025, segundo a Deloitte, as expectativas dos colaboradores também estão mudando. Propósito, bem-estar e flexibilidade ganharam destaque, complementando pontos tradicionais como remuneração e benefícios. Uma prova é que 49% desses profissionais afirmam que considerariam trocar de emprego caso as necessidades de bem-estar fossem negligenciadas.
Para atender a essas expectativas, empresas precisam adotar uma visão holística, que vá além do “custo do trabalho” e valorize a construção de pertencimento e conexão genuína. Negligenciar essa mudança pode resultar em alta rotatividade, perda de talentos e enfraquecimento da marca empregadora. Vale lembrar que, em 2023, o Ministério do Trabalho apontou que a média de permanência de um especialista em uma corporação é de menos de dois anos – claro sinal de que a retenção de talentos ainda é um desafio.
Eficiência sem remover o foco no humano
A questão é que a busca por inovação e eficiência é protagonista em detrimento de qualquer outro aspecto atualmente, mas não precisa ser dissociada do cuidado com as pessoas. Pelo contrário, a integração de iniciativas de experiência do colaborador às estratégias organizacionais pode potencializar resultados. Um exemplo claro está na comunicação interna: segundo a Dynamic Signal, 85% dos colaboradores se tornam mais engajados quando há canais de comunicação eficazes, e organizações com boa comunicação interna têm, em média, 47% mais valor de mercado.
A saúde mental, emergindo como fator essencial no ambiente de trabalho, também abre espaço para aplicação de novos recursos. Empresas que investem em programas voltados ao bem-estar psicológico conseguem reduzir afastamentos em até 37%, de acordo com a Gallup. Nesse contexto, ferramentas digitais, como plataformas integradas de gestão da experiência e análises baseadas em dados, tornam-se aliadas importantes para personalizar e melhorar a experiência dos colaboradores.
Tecnologia e humanidade
É inegável que a inteligência artificial e as tecnologias emergentes continuarão moldando os negócios. Ainda assim, são as pessoas – com criatividade, capacidade de inovação e empatia – que darão às empresas o toque único necessário para prosperar em um cenário de incertezas.
Por isso, ao mesmo tempo em que automatizam processos e otimizam operações, as organizações precisarão consolidar uma cultura que valorize conexões humanas. Essa jornada exige mudanças culturais profundas, lideradas por gestores que reconhecem o valor estratégico de uma experiência positiva para os times.
Em 2025, o verdadeiro diferencial das empresas será resultado da convergência entre tecnologia e humanidade. Aquelas que priorizarem a experiência do colaborador como parte da estratégia global estarão mais bem posicionadas para enfrentar desafios. Deixar isso em segundo plano significa apostar contra o futuro – e contra o sucesso.