Por Eduarda Camargo, Chief Growth Officer da Portão 3.
A discussão sobre a existência de um “estilo feminino” de liderança tem ganhado destaque, especialmente durante o Mês da Mulher. Estudos desafiam estereótipos de gênero, sugerindo que as diferenças percebidas entre líderes homens e mulheres podem ser menos significativas do que se imagina. No entanto, é inegável que elas enfrentam desafios únicos em posições de gerência, moldando suas abordagens de gestão de maneiras distintas.
Uma pesquisa conduzida pela Robert Half e pelo Insper, intitulada Quebrando Mitos sobre Liderança e Gênero, analisou as percepções de 1.464 profissionais sobre seus líderes. Os resultados mostram que não há diferenças estatisticamente significativas na forma como os liderados percebem gestores homens e mulheres em termos de competência, autenticidade, benevolência e ética. Isso sugere que a eficácia na gestão não está intrinsecamente ligada ao gênero, desafiando estereótipos arraigados.
No entanto, a jornada no mundo corporativo é frequentemente marcada por obstáculos específicos. Apesar de representarem uma parcela significativa da força de trabalho, as mulheres ainda enfrentam dificuldades para alcançar cargos de alta gestão, evidenciando a persistência de barreiras estruturais que limitam sua ascensão profissional.
A percepção das próprias habilidades também desempenha um papel importante. A pesquisa da Robert Half e do Insper revela que líderes mulheres tendem a subestimar suas competências em comparação aos homens, o que pode influenciar negativamente a busca por promoções e oportunidades de crescimento. Essa autopercepção pode ser resultado de estereótipos de gênero internalizados e da falta de representatividade feminina em altos cargos.
Apesar desses desafios, abordagens de gestão lideradas por mulheres, caracterizadas por empatia, adaptabilidade e forte inteligência emocional, têm se mostrado estratégicas no cenário corporativo atual. Um estudo da Caliper indicou que profissionais do sexo feminino em posições de comando tendem a demonstrar maior persuasão, assertividade e disposição para assumir riscos em comparação aos homens. Essas qualidades fortalecem modelos de governança mais inclusivos e colaborativos, alinhados às exigências contemporâneas por uma administração participativa e inovadora.
Em síntese, embora não haja um modelo único de gestão associado às mulheres, as vivências e desafios que enfrentam influenciam abordagens que agregam valor ao ambiente corporativo. Reconhecer e potencializar essas contribuições, ao mesmo tempo em que se enfrentam estereótipos e obstáculos estruturais, é fundamental para impulsionar uma gestão mais plural e eficiente nas empresas.