Por Karlyse Claudino Belli, Head de Dados na DoctorAssistant.ai.
No Brasil, cerca de 80% da população depende, exclusivamente, dos serviços públicos para qualquer atendimento de saúde, segundo dados do Ministério da Saúde nos últimos anos. Por isso, os serviços de saúde precisaram passar por evoluções a fim de melhorar a eficiência e a tecnologia é a principal aliada para isso. A área da saúde enfrenta desafios complexos, como o aumento da demanda por serviços, o envelhecimento da população e a crescente necessidade de otimização de custos. Diante desse cenário, a transformação digital, impulsionada pelo uso de tecnologia, dados e Inteligência Artificial (IA), surge como uma aliada essencial para aprimorar a eficiência e a qualidade do atendimento.
A tecnologia permite uma evolução significativa na tomada de decisões clínicas e gerenciais, aprimorando diagnósticos, personalizando tratamentos e facilitando a gestão hospitalar. Contudo, essa modernização não substitui o papel fundamental dos profissionais de saúde. A assistência médica precisa permanecer humanizada, enquanto a tecnologia atua como um suporte estratégico, liberando tempo e recursos para um cuidado mais centrado no paciente.
A implementação da IA na saúde, no entanto, levanta questões fundamentais, como a privacidade e a segurança dos dados. A regulamentação desse avanço é essencial para equilibrar a inovação com a proteção dos pacientes e profissionais.
No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece diretrizes importantes para o tratamento de informações sensíveis, mas ainda há desafios na adaptação do setor para garantir um uso seguro e responsável da IA. Além disso, a adoção plena da IA enfrenta barreiras como a infraestrutura tecnológica inadequada, a falta de interoperabilidade entre os sistemas de saúde e os altos custos de implementação. Superar esses desafios exigirá investimentos estratégicos e políticas que incentivem a modernização do setor.
A geração e o uso adequado dos dados são pilares essenciais para que a IA cumpra seu papel de transformar a saúde. A qualidade dos dados coletados impacta diretamente na precisão dos modelos preditivos e na confiabilidade dos insights gerados. Para que isso ocorra de forma eficaz, é fundamental garantir padronização, interoperabilidade e governança adequada dos dados clínicos. Além disso, o compartilhamento seguro dessas informações entre diferentes instituições de saúde pode favorecer uma visão mais completa da jornada do paciente, permitindo uma assistência mais integrada e personalizada.
As perspectivas para o uso da IA na saúde são promissoras. Diversas tecnologias estão moldando o futuro do setor, permitindo diagnósticos mais rápidos e precisos, além de facilitar o acesso e a continuidade do atendimento. No entanto, o sucesso dessa transformação dependerá de como as instituições de saúde irão adaptar-se às novas tecnologias e da capacidade regulatória de acompanhar o ritmo da inovação, garantindo segurança e eficiência.
A revolução digital na saúde é inevitável. A tecnologia não apenas melhora a gestão e o atendimento, mas também redefine a forma como os atendimentos são praticados. Cabe aos gestores, profissionais e reguladores trabalharem em conjunto para aproveitar ao máximo esse potencial, garantindo que a inovação tecnológica seja sempre um meio para um cuidado mais eficaz e humanizado.